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Aos 87, Reginaldo Faria analisa cena marcante de Vale Tudo: “Tive receio”

Ator de 87 anos interpretou vilão na novela originalmente exibida em 1988

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 Maio 2025, 10h00

Intérprete do vilão Marco Aurélio na Vale Tudo original, de 1988, Reginaldo Faria tem refletido sobre o marco do personagem que hoje é vivido por Alexandre Nero no remake no ar na Globo. Em entrevista a VEJA, o veterano de 87 anos falou sobre a emblemática cena da banana no final do folhetim escrito por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.

Confira a entrevista na íntegra:

O senhor interpretou Marco Aurélio na primeira versão de Vale Tudo (1988). Tem acompanhado o remake na Globo? Eu vi algumas cenas, mas não vi tudo. Não fiquei prestando atenção nisso porque acho que quando a gente faz um trabalho, o produto que você fez, e o resultado que você atingiu ficam dentro de você, é particular, é subjetivo. Então, quando vejo outra coisa sendo feita, como um remake, eu respeito, mas não quero fazer nenhuma avaliação, não quero ficar vendo. Essa nova versão é outro trabalho, tem bons atores, mas não quero ficar vendo. A minha arte já foi feita. 

O seu personagem era um grande símbolo da corrupção no Brasil daquela época. Acha que o país mudou? São parâmetros difíceis de encarar, até porque o último governo [de Bolsonaro] foi um governo em que se desprezou muito a cultura. Nossa cultura foi alijada, o cara quase botou numa fogueira. A época em que fizemos a primeira Vale Tudo também foi um período crítico, uma inflação absurda. O que tínhamos de inspiração era o retrato da sociedade através da economia, da dificuldade de se viver naquela época. O Marco Aurélio tinha elementos da minha própria vivência.

Como assim? Obviamente eu não era mau-caráter, corrupto e vilão como ele, mas era fácil ver o público identificar que era um retrato de empresários que simbolizavam o poder. Acho que a nova novela pode se inspirar no último governo, que fez a cabeça das pessoas através das fake news, instigando um povo que ainda desconhece como funciona a Lei Rouanet, que não tem nada a ver com dinheiro público, é uma lei de incentivos que usa dinheiro privado. A realidade daquela época era outra, hoje é outra. Então, eu não sei qual será o resultado. 

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Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá banana para o Brasil em 'Vale Tudo' (1988)
Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá banana para o Brasil em ‘Vale Tudo’ (1988) (Reprodução/TV Globo)

Por que acha que a banana que o Marco Aurélio dá no final de Vale Tudo ficou tão marcante na memória do público? Esse gesto é muito emblemático, né? E é engraçado porque, quando eu gravei aquela cena, fiquei com medo da reação do público. Tive receio de como as pessoas iam olhar para mim, de sentirem raiva. Mas foi o contrário, as pessoas aplaudiram, porque queriam dar uma banana para o governo daquela época. Um governo que afundou a nação. Será que a banana era para a nação ou para quem a dirigia? Acho interessante essa reflexão. O texto do Gilberto Braga era mágico, de uma sensibilidade extraordinária. 

Qual o segredo para manter a mente afiada aos 87 anos? Eu tive um problema no coração em 2004. Precisei fazer uma angioplastia, colocaram um stent no meu coração e eu quase morri. Meu filho chegou a falar para a mãe dele que eu estava morrendo. Fui parar na UTI, fiquei em coma por 30 dias, mas me recuperei. Saí de lá com sequelas, tive que reaprender a falar, a tocar violão, fazer fisioterapia, entrei em depressão, fui para o psiquiatra, que me encheu de remédios. Mas aí comecei a escrever, a criar, e eram coisas que me tiravam a dor de viver, porque se eu parasse, tudo voltava. O que me salva e me mantém afiado é escrever. Eu tenho até uma biografia pronta. Espero um dia poder publicá-la. 

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