Americana que matou a mãe e inspirou série de TV é liberada da prisão
Gypsy Rose Blanchard chocou aos Estados Unidos ao revelar que planejou a morte da mãe ao descobrir que ela a fazia parecer doente

A americana Gypsy Rose Blanchard, que inspirou a série The Act, foi liberada da prisão em liberdade condicional nesta quinta-feira, 28, depois de cumprir oito anos de reclusão pela morte da mãe, Dee Dee Blanchard. “Ela não merecia isso. Ela era uma mulher doente e infelizmente eu não tive educação suficiente para ver isso. Ela merecia estar onde estou, sentada na prisão cumprindo pena por comportamento criminoso”, declarou Gypsy em uma entrevista recente à revista People.
O assassinato de Dee Dee tomou o noticiário americano em 2015. A mulher era constantemente vista na TV como a dedicada mãe de Gypsy Rose, garota presa a uma cadeira de rodas que sofria de diversos males, de leucemia a transtornos mentais — condição que atraía donativos generosos. A história ganhou novos tons ao se descobrir que Gypsy foi a mentora do assassinato — e, na verdade, era saudável, vítima da mãe que a induzia a crer que estava doente e lhe infligia tratamentos desnecessários. Na minissérie, mãe e filha são vividas por Patricia Arquette e Joey King.
No julgamento, Gypsy relatou que a mãe sofria de síndrome de Munchausen por procuração, um transtorno em que um cuidador afirma falsamente que outra pessoa é doente e causa ferimentos em terceiros para simular diagnósticos falsos e ganhar simpatia e atenção. Dee Dee, por exemplo, dizia que Gypsy tinha leucemia, asma e distrofia muscular, falsificava laudos, dava a ela medicamentos diversos e chegou a fazer a garota raspar a cabeça, usar sondas alimentícias e uma cadeira de rodas, mesmo ela conseguindo andar normalmente.
Quando descobriu que sua saúde delicada não passava de uma invenção da mãe, Gypsy planejou o assassinato da genitora com o então namorado, Nicholas Godejohn. Ele esfaqueou a sogra na casa em que a mulher morava, no Missouri. Pouco depois, Gypsy postou sobre o crime no Facebook, atraindo a polícia até o local. Os dois jovens foram presos e condenados — Gypsy por assassinato de segundo grau, pegando dez anos de prisão, enquanto Nick foi sentenciado à prisão perpétua.
Em entrevista à People, a mulher, hoje com 32 anos, disse se arrepender do crime. “Ninguém jamais me ouvirá dizer que estou feliz por ela estar morta ou que estou orgulhosa do que fiz”, disse ela, complementando que, hoje, quer mostrar às pessoas que há outras alternativas. “Quero ter certeza de que as pessoas em relacionamentos abusivos não recorrem ao assassinato. Pode parecer que todas as avenidas estão fechadas, mas há sempre outro caminho”.