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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Adriana Araujo explica por que se posiciona: ‘Jornalista não é influencer’

Apresentadora da Band que se destaca por suas opiniões ganha novo formato do programa 'Entre Nós' -- agora, na Band News TV

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 12h27 - Publicado em 11 abr 2024, 09h30

Apresentadora do Jornal da Band, Adriana Araujo estreia um novo formato do programa Entre Nós em 15 de abril. Antes exclusivo da Rádio BandNews FM, o informativo passará a ser exibido simultaneamente na BandNews TV, na TV por assinatura, a partir da próxima segunda-feira, às 14h. Em entrevista a VEJA, a jornalista fala da nova fase do programa — que comandará junto aos colegas Renan Sukevicius, Thais Dias e Juliana Rosa– e da importância de se posicionar politicamente, entre outros assuntos.

Confira a entrevista na íntegra:

O Entre Nós já existe há dois anos. O que será diferente com esse novo formato? Esse é o primeiro programa do Brasil a ser apresentado ao vivo durante duas horas e de dois estúdios, da rádio e da BandNews TV, simultaneamente. Vai ser 100% noticioso, factual, com notícias do Brasil e do mundo, bastidores, análises, entrevistas. Agora temos o desafio de falar para os dois públicos, o que busca noticiário na TV a cabo e o público que está no trânsito e quer se informar. Temos uma equipe de produção, jornalismo e tecnologia bem grande envolvida nesse projeto. 

Por que a necessidade de quatro apresentadores? A ideia é ter um produto muito dinâmico, que gira a reportagem no Brasil todo, trazendo todo noticiário internacional de relevância daquele dia. Esse dinamismo é uma demanda da do ouvinte de rádio, às vezes ele tem 20 minutos no trânsito e ele quer aproveitar para se informar. Por isso requer agilidade, e o bom de um time grande é poder ir renovando ao longo do programa, sem perder a profundidade. Então, eu vou ancorar o programa, vou mediar as entrevistas e promover debates, quando possível, com a Juliana Rosa, especialista em assuntos econômicos, além de Renan Sukevicius e Thaís Dias, em uma dinâmica como se fosse de uma conversa mesmo, mais informal.

Renan Sukevicius, Thais Dias, Juliana Rosa e Adriana Araujo
Renan Sukevicius, Thais Dias, Juliana Rosa e Adriana Araujo (Renato Pizzutto/BAND)
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Você costuma se posicionar durante a apresentação do Jornal da Band. Esse abordagem seguirá no Entre Nós? Vamos continuar com esse espaço para opinião, até porque não acho que deva deixar de existir nesse casamento de rádio com TV, porque as pessoas também se conectam com um programa de TV ou com um programa de rádio pela opinião sobre os assuntos mais polêmicos e mais discutidos da sociedade. Eu não sou uma pessoa que opina sobre tudo. Não acho que preciso ter uma opinião formada sobre tudo, a toda hora, porque acho cansativo e desgastante. Não acredito que o público deseja isso, nem na TV, nem na rádio. 

Lógico que muitas vezes assuntos delicados são tratados levianamente. Eu não me furto da minha opinião. Sempre tive espaço para isso no Jornal da Band, e isso vai continuar no Entre Nós. 

Em 2021, você deixou a Record após ter feito críticas contundentes ao governo Bolsonaro pela condução durante a pandemia de Covid-19. Olhando em retrospecto, se arrepende de ter se posicionado incisivamente? Sendo muito sincera, eu não gosto de ficar pensando e comentando sobre o passado, porque estou muito focada no meu projeto de agora, quero fazê-lo dar certo e olhar para frente. A razão da minha demissão da Record foram as minhas críticas internadas ao negacionismo em relação à pandemia. Acho que todo mundo sabe – porque foi amplamente noticiado na época – que eu não me omiti internamente diante de um negacionista que colocava a vida das pessoas em risco e não me arrependo apesar disto ter me criado vários problemas, inclusive a minha demissão, mas isso é um assunto encerrado para mim, estou muito focada no futuro. 

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Hoje a internet se tornou um campo de batalha. Sente mais dificuldade em fazer um bom trabalho jornalístico? Eu reflito sobre isso há muito tempo, antes mesmo da cobertura política ter ficado mais  polarizada. Quando teve a greve dos caminhoneiros no Brasil em 2018, houve um movimento muito forte que quase parou o Brasil, além de um bombardeio que os jornalistas sofreram em relação à cobertura. Os caminhoneiros e manifestantes estavam muito mobilizados contra jornalistas na rede social. Aquilo já era um sinal de que as redes sociais seriam uma ferramenta muito forte de pressão, de ataque. A eleição de 2018 [entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad] agravou esse movimento. E vi colegas amenizando a cobertura para serem menos atacados na internet, e eu já dizia que a gente não pode jogar para a plateia, estamos aqui para noticiar fatos. 

Por que acha importante defender suas opiniões? Vejo muitos profissionais preocupados com debandadas de seguidores, mudando de ideia e amenizando informações, mas isso não pode existir no jornalismo profissional, porque jornalista não trabalha para ganhar seguidores. Jornalista não é influencer. Ainda que possa influenciar pessoas. Eu já dei muitas opiniões polêmicas, mas são opiniões em que acredito. Posso mudar de ideia sobre muitos assuntos, mas sigo com as minhas convicções. É importante se posicionar para mostrar que você é honesto com quem te escuta, quem te assiste, quem quer saber o que você pensa. Eu tenho convicção de que jornalista não é influenciador de rede social. Ataques são frequentes, mas é seguir trabalhando. 

Há quatro anos você lançou o livro Sou a Mãe Dela, em que relata a história com sua filha, Giovanna, na luta para conseguir fabricar luvas adaptadas para pessoas com deficiência na mão como ela, que nasceu com hemimelia fibular. Ela se formou em Medicina recentemente. O que mais mudou nesse período? Hoje ela já está fazendo residência, estamos tão felizes. O livro foi um grande desabafo e muito importante para mim, ele transbordou de dentro de mim, pude falar muitas coisas que estavam entaladas no meu coração. Eu continuo sendo a mãe que estará do lado dela para o que der e vier, mesmo vendo ela mais independente e trilhando sua própria carreira. É um orgulho danado. A história da nossa luta pelas luvas médicas dela, para que ela pudesse continuar trabalhando, teve um final feliz e isso me deu uma paz imensa, agora existe uma fábrica que produz essas luvas para ela e para outros médicos do Brasil. Mães de filhos com problemas ortopédicos parecidos com os da Giovanna também me procuram para falar de suas histórias. 

E você tem um novo projeto a caminho? Com esse retorno positivo do livro, principalmente de mães, comecei a desenvolver um podcast do livro, para falar dos bastidores do que aconteceu após o lançamento e também para poder me conectar com essas histórias inspiradoras de desconhecidos que também têm um filho ou uma filha com uma deficiência, que é um desafio sempre, com a busca por tratamento, a construção da autoestima, a luta pelo reconhecimento e respeito.  

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