A resposta da atriz negra de ‘Rainha Cleópatra’ a ataques de egípcios
Adele James estrela a série documental da Netflix que atraiu a fúria de egípcios e reaqueceu o debate quanto à real etnia da figura histórica

A atriz britânica Adele James, de 37 anos, foi alçada ao estrelato internacional em abril com o lançamento da série documental Rainha Cleópatra, produção original da Netflix. A fama, porém, veio com seus reveses: no papel da monarca mais famosa da história egípcia, a atriz suscitou diversas críticas pela cor de sua pele e debates quanto à etnia da figura. No próprio Egito, a emissora Al Wathaeqya classificou a obra como “falsificação da história” do país e prometeu realizar seu próprio drama documental com uma Cleópatra interpretada por uma atriz de pele clara. Nesta quinta-feira, 11, a atriz contou ao podcast Steph’s Packed Lunch como foi receber tal resposta e afirmou: “É estressante para qualquer um receber qualquer nível de abuso, ainda mais na escala e natureza do que recebi, que é fundamentalmente racista.”
Segundo a atriz, a discussão toda se preocupa com os tópicos errados: “Não sabemos de onde era a mãe dela, nem sua avó por parte de pai, mas o seriado é sobre muito mais do que a interrogação quanto a sua raça”. “É uma parte muito pequena da conversa, que é sobre a completude de quem foi essa mulher, um ser humano que não deveria ser reduzido à raça tanto quanto eu ou qualquer outra pessoa”, completou.
Suposições sobre a etnia da figura histórica são centro de um debate acalorado. Enquanto os indícios de sua ascendência macedônica, com alguma influência árabe, indicam um tom de pele claro, há espaços em branco o suficiente em sua árvore genealógica para que muitos questionem o quanto as raízes e aparência de Cleópatra seriam conectados à África e, logo, a fariam negra. Em 2022, aliás, o anúncio de que Gal Gadot interpretaria a imperatriz em um novo filme também causou polêmica, dessa vez pela escolha de uma atriz branca.
Junto à Adele, seu colega de cena John Partridge participou do podcast e deu sua opinião sobre o assunto: “A controvérsia é sobre a Cleópatra ser negra, mas não escuto ninguém dizer que Júlio César está sendo interpretado por um homossexual de Manchester. Nós somos só atores”. A atriz também tem o apoio de Jada Pinkett-Smith, produtora e narradora do projeto, que participou da escolha de elenco. Atualmente, Rainha Cleópatra permanece no ranking de mais assistidos da Netflix — no Brasil, é o quarto seriado mais visto.