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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

A polêmica em torno de documentário da Netflix com Cleópatra negra

Produção tem sido alvo de ataques racistas e revolta entre egípcios -- diretora da série se manifestou

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2023, 14h03 - Publicado em 21 abr 2023, 11h47

A rainha Cleópatra tem sua história contada na série documental da Netflix sobre rainhas africanas produzida por Jada Pinkett Smith — a primeira , lançada em fevereiro, foi sobre a rainha Nzinga, de Angola. Mistura de entrevistas com dramatizações, a produção estreia só em 10 de maio, mas já sofre retaliações e ataques racistas após a divulgação de que a egípcia é interpretada pela atriz negra Adele James. Até políticos do Egito estão achando um absurdo a escolha da atriz para fazer a figura já representada no passado por atrizes brancas como Elizabeth Taylor e ameaçam banir a obra do país.

Em um artigo publicado na Variety, a diretora da produção, Tina Gharavi rebateu a polêmica defendendo que Rainha Cleópatra tende a ser mais fiel do que outras obras já feitas. “Lembro-me de quando criança ver Elizabeth Taylor interpretar Cleópatra. Fiquei cativada, mas mesmo assim, senti que a imagem não estava certa. A pele dela era realmente tão branca? Com esta nova produção, eu poderia encontrar as respostas sobre a herança de Cleópatra e libertá-la do estrangulamento que Hollywood impôs sobre sua imagem?”, reflete a diretora.

Nascida no Irã, Tina ressalta que as origens de Cleópatra deixam claro que as chances de ela ter sido uma mulher branca são poucas e rechaça que exista a polêmica agora, já que a escolha de atrizes brancas nunca fora questionada. “Cleópatra foi atribuída em algum momento aos gregos, macedônios e persas. Os fatos conhecidos são que sua família grega macedônia — da linhagem ptolomaica — se casou com a dinastia selêucida da Ásia Ocidental e esteve no Egito por 300 anos. Cleópatra estava a oito gerações desses ancestrais ptolomaicos, tornando a chance de ela ser branca um tanto improvável. Depois de 300 anos, com certeza, podemos dizer com segurança que Cleópatra era egípcia. Ela não era mais grega ou macedônia do que Rita Wilson ou Jennifer Aniston”, ironiza, citando a escalação de atrizes como Theda Bara a Monica Bellucci — e até a disputa entre Angelina Jolie e Gal Gadot — para interpretá-la como errôneas.

Um advogado egípcio chegou a entrar com um processo acusando Rainha Cleópatra de violar as leis de mídia e tentar “apagar a identidade egípcia”, enquanto um arqueólogo fez comentários insistentes de que Cleópatra tinha “pele clara, não negra”. “Por que algumas pessoas precisam que Cleópatra seja branca? Sua proximidade com a branquitude parece dar-lhe valor, e para alguns egípcios parece realmente importar. Depois de muita espera e inúmeras audições, encontramos em Adele James uma atriz que poderia transmitir não apenas a beleza de Cleópatra, mas também sua força. O que os historiadores podem confirmar é que é mais provável que Cleópatra se parecesse com Adele do que com Elizabeth Taylor. A série da HBO Rome retratou uma das mulheres mais inteligentes, sofisticadas e poderosas do mundo como uma viciada em drogas desprezível e dissipada, mas o Egito não parecia se importar. Onde estava a indignação então? Mas retratá-la como negra? Bem…”.

Tina ainda alfineta os egípcios por se sentirem ofendidos após ela pedir que eles se enxerguem como africanos. “Enquanto filmava, tornei-me alvo de uma enorme campanha de ódio online. Os egípcios me acusaram de ‘lavar’ e ‘roubar’ sua história. Alguns ameaçaram arruinar minha carreira. Então, Cleópatra era negra? Não sabemos ao certo, mas podemos ter certeza de que ela não era branca como Elizabeth Taylor. Precisamos ter uma conversa conosco sobre nosso colorismo e a supremacia branca internalizada com a qual Hollywood nos doutrinou. Acima de tudo, precisamos perceber que a história de Cleópatra é menos sobre ela do que sobre quem nós somos”, concluiu.

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