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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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7 programas que marcaram a história dos 70 anos da TV brasileira

Da novela 'O Bem Amado' ao 'TV Pirata ', passando pelo infantil 'Rá-Tim-Bum', relembre atrações que revolucionaram a televisão nacional

Por Tamara Nassif Atualizado em 18 set 2020, 16h28 - Publicado em 18 set 2020, 11h34

Há exatos 70 anos, no dia 18 de setembro de 1950, a televisão brasileira nasceu oficialmente com a fundação da TV Tupi. Com equipamentos importados por Assis Chateaubriand, a emissora – a quarta a surgir no mundo, atrás apenas de pioneiras nos Estados Unidos, Inglaterra e França – foi brindada por uma cerimônia pouco planejada e muito improvisada, com direito até a bênção de um padre e falha de câmeras. Desde então, a TV no Brasil se tornou parte intrínseca do imaginário popular, se impondo como o principal meio de consumo de cultura, notícias e esportes. Abaixo, VEJA apresenta sete programas que deixaram sua marca indelével nas sete décadas de história da televisão:


Programa do Silvio Santos (1963-), do SBT

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Silvio Santos, apresentador de seu quase sexagenário programa de auditório (./.)

Com 89 anos, Silvio Santos, dono do SBT, continua a apresentar seu quase sexagenário programa de auditório. Não à toa, o Programa do Silvio Santos foi contemplado com o título de mais duradouro do mundo dirigido por um mesmo apresentador pelo Guinness World Records, em 1993. Junto ao Cassino do Chacrinha (item 4), revolucionou o formato de programas de auditório brasileiros: assim como fazia o colega da Globo, investe em gincanas e concursos, mas foi pioneiro ao sequenciar quadros de brincadeiras, disputas musicais e pegadinhas já em seus primeiros anos no ar. Antes de Silvio criar o SBT, em 1981, seu programa passou pela Globo.


Hebe (1966-2012), várias emissoras

A apresentadora Hebe Camargo
A apresentadora Hebe Camargo (//Divulgação)

Apelidada de “Madrinha da Televisão Brasileira”, a apresentadora Hebe Camargo tem uma história que se mistura com a da própria televisão. Com o bordão “Ai, que gracinha!” e selinhos de marca registrada, o programa de entrevistas Hebe entrou para o panteão do ramo e criou um formato copiado até hoje: o das conversas informais em um sofá. Seu legado hoje pode ser visto até em programas como Encontro com Fátima Bernardes, onde a descontração se alterna com a seriedade entre um papo e outro. Ao longo de sua prolífica trajetória de apresentadora, Hebe entrevistou mais de 6.000 personalidades, como Elis Regina, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Shakira e Gloria Estefan. Os ares de sua graça passaram por grandes emissoras brasileiras: originalmente da Record, o programa transitou também pela TV Tupi e Band até chegar no SBT, onde permaneceu por 25 temporadas. Suas duas últimas foram transmitidas pela Rede TV!. Hebe faleceu aos 83 anos em setembro de 2012, vítima de complicações de um câncer.


O Bem-Amado (1973), da Rede Globo

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o bem amado
Paulo Gracindo interpretando Odorico Paraguaçu, em ‘O Bem-Amado’ (1973) (Reprodução/TV Globo)

Adaptada da peça Odorico, O Bem-Amado e Os Mistérios do Amor e da Morte (1962), de Dias Gomes, a telenovela O Bem-Amado, de 1973, foi a primeira a exibir cores na televisão brasileira e a caracterizar os personagens a partir de elementos da cultura nacional – traços, hoje, inerentes às histórias serializadas da TV aberta. Na trama, o demagogo candidato a prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) se elege em Sucupira com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”, já que, por se tratar de uma cidade pequena, os moradores não dispunham de um local adequado para enterrar seus entes. O problema começa quando ninguém morre para que a obra seja inaugurada. Para contornar o imprevisto, o prefeito aceita a volta à cidade do matador Zeca Diabo (Lima Duarte). A esperança de que o bandido cometa um assassinato, porém, se esvai: Zeca Diabo está arrependido de seus crimes e não quer mais matar. Para além dos marcos técnicos e narrativos que O Bem Amado inaugurou na história da televisão, a trama também foi emblemática por ter ousado criticar o regime militar, principalmente ao satirizar o cotidiano da cidade baiana fictícia e os chamados “coronéis”, figuras políticas que exerciam autoridade local e se mantinham no poder por meio da força e da falta de escrúpulos. Por isso, a novela teve 37 capítulos cortados pela censura, além de ter sido proibida de mencionar as palavras “coronel” e “capitão”.

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Cassino do Chacrinha (1982-1988), da Rede Globo

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O 'Cassino do Chacrinha', em foto de 1988
O ‘Cassino do Chacrinha’, em foto de 1988 (Antonio Milena/VEJA)

Era ao som de “Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa” que o programa Cassino do Chacrinha introduzia seu exuberante apresentador, o “Velho Guerreiro”. Autor de bordões como “na TV, nada se cria, tudo se copia” e “quem não comunica se trumbica”, Chacrinha conduzia no auditório apresentações musicais, show de calouros e de talentos – uma fórmula até hoje reproduzida por programas de entretenimento leve nos fins de semana, como Caldeirão do Hulk e Domingão do Faustão. Suas chacretes, moças que hoje encontram correspondência nas dançarinas do programa domingueiro da Globo, animavam a atração exibida nas tardes de sábado. Depois de seis anos de história, o último Cassino do Chacrinha foi levado ao ar no dia 2 de julho de 1988, o sábado seguinte ao falecimento do Velho Guerreiro, vítima de câncer no pulmão no dia 30 do mês anterior.


TV Pirata (1988-1992), da Rede Globo

tv pirata
Programa ‘TV Pirata’: a revolução do humor besteirol (Reprodução/TV Globo)

Com um elenco afiadíssimo, que incluía Cláudia Raia, Marcos Nanini e Diogo Vilela, TV Pirata revolucionou a forma de se consumir humor besteirol na TV no Brasil, fórmula que serviria de base para programas como Casseta & Planeta e até os modernos vídeos do Porta dos Fundos, no YouTube. No ar de 1988 a 1992, a atração era composta de uma série de esquetes satíricos que não perdoavam ninguém, nem mesmo os títulos da própria Rede Globo. Um dos quadros mais emblemáticos foi Fogo no Rabo, paródia da novela Roda de Fogo de 1986. Outro destaque era Casa Telejornal, responsável por consolidar a carreira emergente da atriz Regina Casé.


Rá-Tim-Bum (1990-1994), da TV Cultura

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Arinélson (Márcio Ribeiro) como apresentador do Telejornal, um dos quadros do programa ‘Rá-Tim-Bum’ (TV Cultura/Reprodução)

Voltado a crianças em fase de pré-alfabetização, de 3 a 7 anos, o programa Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, fez história ao apostar em um tom arrojado e pedagógico para adentrar no universo da programação infantil — a popularidade do resultado foi outro ponto de destaque. Com quadros diversos, a atração trazia um pouco de outro programa de sucesso, o Vila Sésamo (1972-1977), em que marionetes e bonecos interagiam com pessoas para contar histórias, fábulas e fazer humor entre um e outro. Rá-Tim-Bum ampliou o formato ao tratar de temas variados, indo de ciências, ecologia e história à matemática, cidadania, consciência coletiva e até higiene pessoal. O sucesso foi tanto que o programa deu origem a outros dois de nomes semelhantes:  Ilha Rá-Tim-BumO Castelo Rá-Tim-Bum, este último considerado um dos melhores produtos audiovisuais da televisão brasileira. Internacionalmente reconhecido, Rá-Tim-Bum levou medalha de ouro no The New York Festival International TV em 1995 e, ao todo, teve 192 episódios, exibidos entre 1990 e 1994. Contou com alguns reprises esporádicos, tanto em seu canal de origem, quanto na TV Brasil e na TV Rá-Tim-Bum, que o leva no título.


No Limite (2000-2001, com uma única temporada em 2009), da Rede Globo

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Zeca Camargo, apresentador do primeiro reality-show brasileiro ‘No Limite’ (Reprodução/TV Globo)

Lançado na virada do milênio, No Limite foi o primeiro reality-show brasileiro capaz de conquistar altos pontos no Ibope. O programa apresentado por Zeca Camargo deixava os participantes em um local inóspito com apenas um kit básico de utensílios. Durante o jogo, os “sobreviventes” eram testados em provas de resistência, desafios de lógica e de trabalho em grupo, dentre outras peripécias da vida selvagem – incluindo o nem tão glamouroso momento de provar comidas bem pouco apetitosas: como esquecer o olho de cabra? Com apenas três temporadas, o programa chegou a um fim precoce: o produtor do americano Survivor, Mark Burnett, acusou No Limite de plágio, uma vez que a Rede Globo não detinha dos direitos de produção para reproduzi-lo em solo brasileiro. Processada e conformada com a derrota, a emissora pôs fim ao reality em 2001 – até que, em 2009, conseguiu legalizar a situação do programa e lançou uma última temporada, a derradeira. Dali em diante, os reality shows dos mais variados se instauraram no Brasil, desde o voyerístico Big Brother Brasil até o culinário MasterChef.

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