100 anos de Janete Clair: 5 vezes que a novelista marcou a história
Autora mineira escreveu alguns dos maiores sucessos da Globo

Uma das maiores novelistas da história da televisão brasileira, Janete Clair completaria 100 anos nesta sexta-feira, 25 de abril de 2005. Nascida em 1925 como Janete Emmer Dias Gomes, a dramaturga morreu aos 58 anos em 16 de novembro de 1983, em decorrência de um câncer de intestino. Durante sua vida, Janete escreveu novelas que marcaram a vida de brasileiros com sua criatividade, habilidade de improviso e ousadia.
Confira cinco vezes que Janete Clair revolucionou com seus folhetins:
Anastácia, A Mulher sem Destino (1967)
Escrita por Emiliano Queiroz (1936-2024), Anastácia, A Mulher Sem Destino sofria rejeição do público por sua história complexa, uma linguagem erudita e excesso de personagens que dificultavam o entendimento da trama. Para solucionar o problema, o então diretor de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, contratou Janete Clair, que vinha fazendo sucesso com o folhetim Paixão Proibida na Rede Tupi para salvar a história do fracasso total. A solução encontrada pela autora foi inventar um terremoto que matou mais de cem personagens e uma passagem de tempo de 20 anos para dar agilidade ao enredo. Apesar de as mudanças não terem sido suficientes para levar a trama ao primeiro lugar no ibope, o resultado foi satisfatório para a emissora, que passou a usar Janete como exemplo de como recuperar um texto ruim.
Irmãos Coragem (1970)
Com um enfoque que se aproximava mais da realidade brasileira e uma mistura com o estilo de filmes de faroeste em Irmãos Coragem, Janete conseguiu produzir uma obra que desgarrasse das novelas mexicanas, e o resultado foi a conquista do público masculino, que rejeitava o melodrama até então. Os 328 capítulos que seguiam a jornada do herói João Coragem (Tarcísio Meira) e seus irmãos fez com que a Globo atingisse a liderança de audiência no horário nobre.
Selva de Pedra (1972)
Um dos maiores sucessos da Globo, Selva de Pedra tinha uma trama repleta de reviravoltas e, bem antes de Vale Tudo (1988), foi a novela que discutiu a honestidade no Brasil através do protagonista Cristiano Vilhena, interpretado por Francisco Cuoco, um jovem humilde que acaba perdendo o amor de Simone (Regina Duarte) por causa de sua ambição. Em determinado momento, Simone precisa se fingir de morta e assume uma nova identidade, a de Rosana Reis. A obra alcançou um feito inédito que nunca foi repetido: no capítulo de número 152, quando Rosana revela sua verdadeira identidade, a novela bateu 100 pontos de ibope no Rio de Janeiro, ou seja, todos os televisores da capital fluminense estavam sintonizados na Globo.
Pecado Capital (1975)
Em mais uma demonstração de sua habilidade de improvisar em situações difíceis, Janete reaproveitou o elenco de Roque Santeiro — quando a novela de Dias Gomes foi censurada pela ditadura militar em 1975 — na novela Pecado Capital, que precisou escrever às pressas para tapar o buraco na fila de folhetins da Globo. Assim, Francisco Cuoco, Betty Faria e Lima Duarte encabeçaram a história de Carlão, um taxista (Cuoco) que encontra uma mala de dinheiro roubada por assaltantes a banco e decide ficar com ela para ascender na vida. A trama foi marcante principalmente pela ousadia de Janete, que matou o protagonista no último capítulo — um desfecho trágico raríssimo para um personagem principal.
O Astro (1977)
Se em Véu de Noiva (1970) Janete Clair introduziu pela primeira vez o artifício whodunit, o quem matou?, em uma novela brasileira, foi com O Astro sete anos depois que a autora fez os telespectadores ficarem vidrados na televisão para descobrir Quem matou Salomão Ayala, personagem de Dionísio Azevedo. A mobilização do público para saber a autoria do assassinato exibido no capítulo 44 durou até o último, de número 185, com a revelação de que a mandante do crime era Clô (Tereza Rachel), esposa do personagem.
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