Vamos debater o debate
O que dizer de um debate em que ninguém quer bater, talvez com medo de apanhar? Entre outras coisas, que trai a etimologia da palavra. O termo debate – nome consagrado do confronto direto entre postulantes a um cargo eletivo, como na série aberta semana passada pelos candidatos à presidência da República – tem seu […]
O que dizer de um debate em que ninguém quer bater, talvez com medo de apanhar? Entre outras coisas, que trai a etimologia da palavra.
O termo debate – nome consagrado do confronto direto entre postulantes a um cargo eletivo, como na série aberta semana passada pelos candidatos à presidência da República – tem seu primeiro registro em português no século 15, vindo do francês débat, forma regressiva do verbo débattre, “bater de forma contínua ou violenta”.
Apesar da origem física, o debate tinha desde o século 13 em sua língua de nascença o sentido – próximo do atual – de “querela, controvérsia”, que tirava a palavra do campo da violência propriamente dita para o da disputa de ideias, especialmente na esfera pública. O inglês também foi buscar na mesma fonte o verbo to debate.
Mesmo com seu verniz de civilização, porém, o debate não disfarça muito bem a filiação a uma grande família de palavras derivadas do verbo latino battere, “bater” – todas, de uma forma ou de outra, próximas da ideia de pau puro. O combate, a batalha, o abatedouro, o abatimento, o batente, a rebatida, a bateria e o batuque são seus primos mais assumidos.