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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Uma consulta danada de boa

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Por Sérgio Rodrigues
1 set 2011, 15h31 • Atualizado em 31 jul 2020, 10h54
  • “Gostaria de saber a origem e/ou o significado da palavra ‘danado’. Tenho 47 anos e me lembro que, desde que eu era bem pequena, meu pai não nos deixava (a mim, meus irmãos e minha mãe) falar essa palavra em casa porque dizia que ela significava uma coisa ‘muito feia’, que ele não tinha ‘nem coragem de dizer o que é’. Hoje eu já estou adulta, porém ele e mamãe já faleceram, e continuo sem saber. Obrigada.” (Laise Vilela)

    Acho que o pai de Laise exagerou no zelo vocabular. Meus pais fizeram coisa parecida com “desgraçado”, de significado semelhante, e que por conta disso eu uso com parcimônia até hoje. Mas vamos à história da palavra.

    Danado é filho legítimo do latim damnatus, “condenado, rejeitado”. O significado original da palavra, que a princípio era judicial ou moral, logo transbordou para o campo da religião, em que ganhou peso ainda mais negativo: danado é aquele que, por suas ações reprováveis, foi condenado ao inferno, ao fogo eterno. E que, portanto, está além de toda possibilidade de salvação. Foi esse o sentido que, por metáfora, fez os cães hidrófobos serem chamados de danados.

    Ninguém dirá que tal sentido é bonito, evidentemente, mas o português brasileiro não demorou a atribuir a danado uma série de acepções informais, próximas da gíria, que tornaram a palavra moralmente ambígua e, em alguns casos, francamente elogiosa. Uma criança arteira pode ser chamada de danada com leveza e simpatia. Quem é muito esperto, muito sedutor ou realiza algo com perícia notável também costuma receber o qualificativo de danado. Para tornar ainda mais afetuoso o elogio, é comum usar a palavra no diminutivo: “Ele é danadinho”. E numa locução popular como “danado de bom”, ou seja, “muito bom, bom demais”, danado entra apenas como um índice de intensificação.

    Em todas essas ampliações semânticas, continua presente a ideia de algo sobrenatural, que tem parte com o demônio, mas de modo tão distante, lúdico e esvaziado de seriedade religiosa que partir daí para proscrever a palavra torna-se um ato um tanto arbitrário. Se o próprio “endiabrado” virou elogio…

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