Um gênio chamado Senna
Refinaria, UPP, avião, todas essas palavras – algumas represadas pelas minhas férias – desfilavam sua candidatura em minha cabeça quando vi a imagem, o doodle (acima), que a página do Google traz hoje no Brasil em homenagem a Ayrton Senna. O tricampeão mundial de Fórmula 1 estaria completando 54 anos neste 21 de março. Dentro […]

Refinaria, UPP, avião, todas essas palavras – algumas represadas pelas minhas férias – desfilavam sua candidatura em minha cabeça quando vi a imagem, o doodle (acima), que a página do Google traz hoje no Brasil em homenagem a Ayrton Senna.
O tricampeão mundial de Fórmula 1 estaria completando 54 anos neste 21 de março. Dentro de pouco mais de um mês, em 1.o de maio, sua morte fará duas décadas redondas (leia aqui a reportagem especial “20 anos sem Ayrton Senna”).
É em homenagem a Senna que a Palavra da Semana é gênio, um termo que o português foi buscar no latim genius em meados do século XVI e que a princípio tinha sentido diferente daquele que se associa a pessoas de talento especialmente luminoso como ele.
O gênio era – e ainda é, em acepção mais próxima da origem – uma entidade sobrenatural, um espírito que regia desde o nascimento até a morte o destino de uma pessoa. Podia influenciar esse destino para o bem ou para o mal, o que o torna bem próximo do que os gregos chamavam daimon, mas também guarda semelhanças com o que até hoje, na tradição cristã, atende por anjo da guarda.
Como ocorreu em outras línguas ocidentais, inclusive o francês (génie) e o inglês (genius), a palavra gênio passou por ampliações semânticas sucessivas: do sentido de espírito que influencia um vivente, chegou-se primeiro, por metonímia e ainda no século XVI, a uma acepção que dá conta do efeito de tal influência, ou seja, “inclinação natural, disposição, dom”. É o significado que empregamos, por exemplo, numa frase corriqueira como “Fulano tem um gênio difícil”.
Foi no século XVII que se registrou pela primeira vez nas línguas modernas a acepção de “extraordinária capacidade ou talento”. Curiosamente, porém, o próprio latim clássico já havia chegado a um sentido não muito diferente, como registra o dicionário Saraiva: “ornamento, glória, beleza, graça, mérito”.