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Sobre Palavras

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Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Tupi ou grego? ‘Pindorama’ tem parentesco com ‘panorama’?

Não. A semelhança engana até gramáticos sérios, mas não passa de coincidência

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h41 - Publicado em 17 ago 2015, 15h45

'A primeira missa no Brasil' (1861), de Victor Meirelles

‘A primeira missa no Brasil’ (1861), de Victor Meirelles

“Estimado colunista, gostaria de ler suas considerações sobre a palavra Pindorama, que, como sabemos, é um dos apelidos populares do Brasil. Intriga-me que o sufixo grego ‘orama’, formador de numerosos termos cultos (‘panorama’ é somente um exemplo), haja vindo parar num vocábulo que parece ter origem indígena. Estaremos diante de um híbrido peculiar? Saudações.” (Roberto Negreiros)

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A excelente consulta de Negreiros desenterra uma curiosidade: a semelhança entre a palavra Pindorama (“nome que os ando-peruanos e populações indígenas pampianas dão ao Brasil”, na definição do Houaiss) e vocábulos como “panorama”, “autorama” etc.

A semelhança engana até gramáticos sérios como Domingos Paschoal Cegalla, que listou “pindorama” ao lado de “panorama” em seu “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”. No entanto, trata-se de simples coincidência.

Segundo Teodoro Sampaio, autor de “O tupi na geografia nacional”, a origem de Pindorama é o tupi pindó-rama, redução de pindó-retama, isto é, “região (ou país) das palmeiras”. Pindoba é o nome genérico, em português, de diversas espécies de palmeira.

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Bem diferente é a história do elemento de composição “-orama”, do grego hórama, “o que se descortina, vista, espetáculo”. A família das palavras terminadas assim foi fundada em 1789, em inglês, pelo pintor escocês Robert Barker: o cultismo panorama (algo como “vista do todo”) designava um certo quadro amplo, circular e visualmente abrangente de Edimburgo.

A palavra fez sucesso, e com base nela foram cunhadas outras, algumas, a princípio, como marcas registradas: “cinerama”, “diorama”, “cosmorama”, “autorama” etc.

Mesmo assim, Pindorama pode não ser um termo indígena puro-sangue. Em seu “Vocabulário tupi-guarani português”, Silveira Bueno levantou a possibilidade de que a passagem de pindó-retama a pindó-rama tenha se dado por influência de outro sufixo, que nada tem de tupi nem de grego: o “-ama” que forma coletivos como “dinheirama” e que tem origem um tanto obscura, mas provavelmente românica.

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Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br (favor escrever “Consultório” no campo de assunto).

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