‘Súbita honra’, ‘subida honra’ ou nenhuma das alternativas?
“Prezado mestre, existe a expressão ‘súbita honra’? Em minha juventude tive um professor que a empregava amiúde, e por influência dele adotei-a. Recentemente, fui corrigido por um amigo que afirmou ser ‘subida honra’ a expressão escorreita. No entanto, parece-me no mínimo estranho esse emprego do adjetivo ‘subida’. Ajude-me, por favor, a desvendar o mistério.” (João […]
“Prezado mestre, existe a expressão ‘súbita honra’? Em minha juventude tive um professor que a empregava amiúde, e por influência dele adotei-a. Recentemente, fui corrigido por um amigo que afirmou ser ‘subida honra’ a expressão escorreita. No entanto, parece-me no mínimo estranho esse emprego do adjetivo ‘subida’. Ajude-me, por favor, a desvendar o mistério.” (João Batista Toledo)
Diga-se em primeiro lugar que – do ponto de vista da correção, que não esgota o assunto – o amigo de João Batista tem razão: a expressão certa é “subida honra”. O adjetivo subido, no caso, é empregado na acepção de “elevado, superior, excelente, augusto”.
Hoje praticamente em desuso, essa acepção de “subido” tinha bom trânsito no português clássico. “Esmeraldas do mais subido quilate” é o exemplo, do português Almeida Garrett (1799-1854), citado pelo gramático Domingos Paschoal Cegalla em seu “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”.
“Súbita honra”, a expressão que o velho professor de João Batista costumava empregar, é apenas um erro grosseiro, ainda que comum, de interpretação da fórmula clássica. Também se encontra de vez em quando por aí a pronúncia “súbida honra” – provável elo perdido entre “subida honra” e “súbita honra” – que é igualmente equivocada.
Dito isso, e como correção não é tudo, falta apenas apontar a grossa camada de bolor que envolve “subida honra”, um chavão bacharelesco dos mais cascudos. Qualquer discurso escrito ou falado que busque alguma elegância de expressão terá subido lucro ao evitá-lo.
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