Spa, da Bélgica para o mundo
Spa é uma palavra que os dicionários de português ainda registram como estrangeirismo, recomendando grafá-la em itálico e sendo sistematicamente contrariados. Seu sentido original, de estância hidromineral ou hotel elegante de veraneio, não demorou a empalidecer diante da extensão semântica hoje dominante no Brasil: a de qualquer estabelecimento, elegante ou não, dedicado ao restabelecimento físico […]
Spa é uma palavra que os dicionários de português ainda registram como estrangeirismo, recomendando grafá-la em itálico e sendo sistematicamente contrariados.
Seu sentido original, de estância hidromineral ou hotel elegante de veraneio, não demorou a empalidecer diante da extensão semântica hoje dominante no Brasil: a de qualquer estabelecimento, elegante ou não, dedicado ao restabelecimento físico ou mental do freguês – sobretudo ao seu emagrecimento.
O Houaiss garante que importamos a palavra do inglês em algum momento do século XX, mas isso não explica tudo. O inglês tinha ido buscar ainda no século XVII o substantivo comum spa no nome próprio de uma charmosa cidadezinha belga, conhecida como “Pérola das Ardenas”. Sim, trata-se da mesma que recebe o Grande Prêmio da Bélgica de Fórmula 1, disputado no belo circuito de Spa-Franchorchamps.
Muito antes da fama automobilística – muito antes mesmo, desde o século XIV –, Spa, situada na província de Liège, já tinha projeção internacional como o mais chique balneário da Europa. Há controvérsia sobre a origem de seu nome.
Alguns o derivam das iniciais da expressão latina Salus (ou Sanitas) per aquam, isto é, “Salvação (ou saúde) por meio da água”. Sites comerciais de spas adoram espalhar essa história, fazendo, talvez em busca de respeitabilidade, ligação direta com o latim e esquecendo o papel fundamental da cidade belga no roteiro etimológico da palavra.
No entanto, há outra tese – menos pitoresca, mas de peso – que situa a origem de spa numa palavra do valão, dialeto belga: espa, que quer dizer “fonte, nascente”.