‘Solidariedade’ tem alguma coisa a ver com ‘solidão’?
“Caro Sérgio, ‘solidão’ e ‘solidariedade’ têm a mesma raiz? Porque me parece terem sentidos meio díspares, a primeira meio depreciativa/negativa e a outra bastante positiva. Abraços.” (Almir Gomes) Sobre os substantivos “solidão” e “solidariedade”, vale aquela famosa frase que os advogados, para evitar processos, recomendam pregar na entrada de certas obras de ficção quando elas […]
“Caro Sérgio, ‘solidão’ e ‘solidariedade’ têm a mesma raiz? Porque me parece terem sentidos meio díspares, a primeira meio depreciativa/negativa e a outra bastante positiva. Abraços.” (Almir Gomes)
Sobre os substantivos “solidão” e “solidariedade”, vale aquela famosa frase que os advogados, para evitar processos, recomendam pregar na entrada de certas obras de ficção quando elas não são tão puramente ficcionais assim: qualquer semelhança é mera coincidência.
No caso das palavras trazidas por Almir, a coincidência é indiscutível. “Solidão”, a princípio grafada solidã, é um termo que o português adotou no início do século XVI, oriundo do latim solitudinis, “solidão, retiro, abandono”.
“Solidário” e “solidariedade” são vocábulos formados em nossa própria língua em meados do século XIX a partir do adjetivo “sólido”. A ideia é que o solidário tem solidez, ou seja, é firme, consistente, confiável, podendo portanto servir de apoio a quem necessitar.
Se a solidão é da família do latim solus, “só, único”, a solidariedade pertence ao clã de solum, “solo, base, fundamento”. A semelhança, como se vê, vem de longe.
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