Se existe o ‘intermitente’, por que não o ‘termitente’?
“Senhor Sérgio, se existe chuva intermitente, por que também não existiria uma chuva ‘termitente’? Obrigado pelos esclarecimentos.” (Henrique Carvalho) A palavra “intermitente”, adjetivo de dois gêneros que estreou na língua portuguesa no século XVII, quer dizer “em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo” (Houaiss). A dúvida apresentada por Henrique – […]
“Senhor Sérgio, se existe chuva intermitente, por que também não existiria uma chuva ‘termitente’? Obrigado pelos esclarecimentos.” (Henrique Carvalho)
A palavra “intermitente”, adjetivo de dois gêneros que estreou na língua portuguesa no século XVII, quer dizer “em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo” (Houaiss).
A dúvida apresentada por Henrique – ora, se existe “intermitente”, por que não existiria termitente? – parte do pressuposto de que a palavra é iniciada pelo prefixo de negação in-.
Trata-se de um equívoco. Na origem de “intermitente” está o verbo latino intermittere, ou seja, inter + mittere, “abrir espaços, intervalos”.
O prefixo, como se vê, é inter-, que significa “no interior de dois; entre; no espaço de”, e não o negativo in-. O “intermitente” pertence portanto à família de vocábulos como “intervalo”, “interrupção” e “interior” – e não à de “infeliz”, “inválido” e “imprestável”.
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