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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Se compramos ‘À vista’, por que não compramos ‘AO prazo’?

“Se a expressão usada em propaganda comercial ‘à vista’, com ‘a’ craseado, fosse correta, no masculino seria ‘ao prazo’, ou simplesmente ‘a prazo’?” (Francisco Moita) A dúvida de Francisco parece pertinente: se escrevemos “à vista”, por que não “ao prazo”, ou seja, por que há um artigo definido embutido na primeira locução e não na […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 4 jun 2024, 22h31 - Publicado em 30 jul 2015, 14h33

“Se a expressão usada em propaganda comercial ‘à vista’, com ‘a’ craseado, fosse correta, no masculino seria ‘ao prazo’, ou simplesmente ‘a prazo’?” (Francisco Moita)

A dúvida de Francisco parece pertinente: se escrevemos “à vista”, por que não “ao prazo”, ou seja, por que há um artigo definido embutido na primeira locução e não na segunda, se existe entre ambas uma simetria de oposição semântica?

Acontece que não é bem essa a situação. Francisco parte de uma suposição equivocada: não existe crase na locução “à vista”, mas apenas a preposição a acentuada. Há uma grande diferença.

A crase, como vimos esta semana, é a contração da preposição a com o artigo definido feminino. Há quem, autorizado por algo chamado metonímia, chame de crase o próprio acento grave sobre o a. Tal acepção informal de “crase” não está exatamente errada, mas pode conduzir a imprecisões como essa.

Em locuções como “à vista” – e também “à distância”, “à mão” etc. – o que temos é, nas palavras do gramático Evanildo Bechara, “a pura preposição a que rege um substantivo feminino no singular, formando uma locução adverbial que, por motivo de clareza, vem assinalada com acento diferencial”.

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Ou seja: escrevemos “vende à vista”, com acento, apenas para evitar que o leitor imagine um coitado a comercializar os próprios olhos; “ensinamos à distância” para que ninguém pense que a lonjura será matéria de estudo; “esculpiu à mão” para não conjurar uma escultura com uma palma e cinco dedos.

Nada disso é crase, embora possa parecer. Cabe acrescentar que o uso de tal acento diferencial está além da consagração, mas não é obrigatório, havendo também quem escreva “venda a vista”, “ensino a distância” etc.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br (favor escrever “Consultório” no campo de assunto).

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