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Sobre Palavras

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Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Rombo nas contas públicas, buraco nas contas etimológicas

“Contas públicas têm rombo de R$ 32,5 bi em 2014”, noticiou VEJA.com esta manhã, garantindo para o substantivo “rombo”, um termo do século XIV, o posto de Palavra da Semana. Empregada na frase acima na acepção figurada de “prejuízo, déficit, quantia que falta para zerar as contas”, uma extensão popular do sentido primário de “buraco […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h13 - Publicado em 30 jan 2015, 16h00

“Contas públicas têm rombo de R$ 32,5 bi em 2014”, noticiou VEJA.com esta manhã, garantindo para o substantivo “rombo”, um termo do século XIV, o posto de Palavra da Semana.

Empregada na frase acima na acepção figurada de “prejuízo, déficit, quantia que falta para zerar as contas”, uma extensão popular do sentido primário de “buraco de grandes dimensões”, rombo é uma palavra de etimologia controversa e muito interessante.

O Houaiss acompanha os principais filólogos da língua portuguesa ao declarar que estamos diante de um vocábulo de “origem obscura”. Curiosamente, o mesmo dicionário traz um segundo verbete, “rombo”, homônimo daquele que significa “buraco”, com a acepção geométrica de “losango” e também, no papel de adjetivo, com o sentido de “cuja ponta é arredondada, pouco aguçada; que não faz furos”. Ou seja, “rombudo”.

Este segundo rombo teria, aí sim, origem clara: o grego rhómbos, por meio do latim rhombus. A questão que se impõe pela simples força do bom senso é a seguinte: não haveria uma relação um tanto óbvia entre algo que tem ponta “pouco aguçada, que não faz furos”, e o rombo que tal objeto abre ao tentar com força suficiente perfurar alguma superfície? Para o Houaiss, não.

No entanto, o referencial etimologista catalão Joan Corominas, em seu Breve diccionario etimológico de la lengua castellana, nos dá razão. Observa ele que o grego rhómbos não queria dizer apenas losango, mas também “objeto de forma aproximadamente circular”, ou seja, que não tem ângulos agudos, o que explicaria tanto a acepção de “rombudo” quanto, tomando-se o efeito pela causa, a de buraco avantajado, “de forma aproximadamente circular”, provocado pelo impacto de tal objeto contra certas superfícies. Rombo, pois é.

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