Refém, uma prenda que ganhamos do árabe
Campo de exploração de gás em In Amenas, Argélia (Kjetil Alsvik/Statoil/AFP) A crise dos reféns num campo de exploração de gás na Argélia pôs em evidência uma palavra cujo registro mais antigo em português data de 1297 e que, por coincidência, nos remete diretamente ao árabe, um dos idiomas oficiais daquele país do Norte da […]

A crise dos reféns num campo de exploração de gás na Argélia pôs em evidência uma palavra cujo registro mais antigo em português data de 1297 e que, por coincidência, nos remete diretamente ao árabe, um dos idiomas oficiais daquele país do Norte da África.
Parte da vasta herança vocabular deixada pela ocupação muçulmana da Península Ibérica, que se estendeu entre os séculos 8 e 15, o termo que deu origem ao substantivo refém – e também ao espanhol rehén – é, segundo consenso dos etimologistas, o árabe rihan, forma popular de rahn (“penhor, prenda, garantia”).
Refém tem duas acepções no Houaiss: “1. pessoa importante, cidade, praça de guerra etc. tomada ou entregue ao inimigo como garantia da execução de certas injunções, convenções, tratados etc.; 2. em situações extremas, aquele que fica, contra sua vontade, em poder de outrem, como garantia de que alguma coisa será feita”.
Embora soe um tanto cínico pensar no refém como uma espécie de hóspede, é no latim hospes (“hóspede, o que recebe hospitalidade”) que, segundo o Trésor de la Langue Française, o francês foi buscar seu termo otage (“refém”), matriz do inglês hostage e do italiano ostaggio.