‘Rápida e eficientemente’: esse acento faz sentido?
“Prezado Sérgio, obrigado pelos tantos e tão úteis esclarecimentos. Ao usar-se dois advérbios juntos, como em ‘tarefa executada rápida e eficientemente’, o primeiro, como no exemplo, deve ser acentuado normalmente? Obrigado.” (Duilio Barbosa) Sim, Duilio acertou ao acentuar a palavra “rápida” na construção citada. A dúvida é pertinente, pois, ao receber o sufixo -mente que […]
“Prezado Sérgio, obrigado pelos tantos e tão úteis esclarecimentos. Ao usar-se dois advérbios juntos, como em ‘tarefa executada rápida e eficientemente’, o primeiro, como no exemplo, deve ser acentuado normalmente? Obrigado.” (Duilio Barbosa)
Sim, Duilio acertou ao acentuar a palavra “rápida” na construção citada. A dúvida é pertinente, pois, ao receber o sufixo -mente que os transforma em advérbios, os adjetivos perdem seus acentos, como se vê nos seguintes exemplos: rapidamente, cinicamente, somente, licitamente, anacronicamente.
Ocorre que, nos casos em que uma série de dois ou mais advérbios terminados em -mente leva o falante a lançar mão do recurso comum de usar o sufixo apenas no último, para evitar uma repetição de sonoridade desagradável, os acentos nos vocábulos que conservam a feição original são fundamentais à boa leitura. A forma “rapida e eficientemente” levaria a primeira palavra a ser lida como paroxítona, em vez de proparoxítona.
Evanildo Bechara trata assim da questão, em sua “Moderna gramática portuguesa”:
Estes advérbios em ‘-mente’ se caracterizam por conservar o acento vocabular de cada elemento constitutivo, ainda que mais atenuado, o que lhes permite, numa série de advérbios, em geral só apresentar a forma em ‘-mente’ no fim: ‘Estuda atenta e resolutamente’.
Convém registrar, por fim, que a economia do -mente, embora seja habitual e mais que consagrada, não é obrigatória. Por ênfase, pode-se optar pela reiteração mesmo. Bechara cita um exemplo colhido em Machado de Assis: “Depois, ainda falou gravemente e longamente sobre a promessa que fizera”.
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