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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Propina, mas pode chamar de peita, suborno, bola…

A acusação feita ontem por um delator ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha – que teria cobrado 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras –, provocou o acirramento da crise politica em Brasília. Isso faz com que a Palavra da Semana não seja uma só: além de “propina”, que já andou frequentando […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 4 jun 2024, 23h16 - Publicado em 17 jul 2015, 17h00

A acusação feita ontem por um delator ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha – que teria cobrado 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras –, provocou o acirramento da crise politica em Brasília. Isso faz com que a Palavra da Semana não seja uma só: além de “propina”, que já andou frequentando esta seção, seus sinônimos formais e informais no português brasileiro configuram uma fartura vocabular que é em si reveladora.

“Propina” (leia aqui sobre sua origem curiosa) é uma palavra que os dicionários brasileiros só recentemente reconheceram ter acepções escusas. Até certa altura um sinônimo razoavelmente inocente de “gorjeta” em nosso país, como é até hoje em Portugal – ou seja, uma gratificação legítima –, faz anos que tem sido empregada quase exclusivamente como sinônimo de “suborno”.

Faz sentido, se pensarmos bem. A propina sempre teve o papel de azeitar engrenagens burocráticas e comprar as graças do poder, mesmo quando era vista como legítima – o que significa dizer que o ovo da serpente já era chocado naquele ninho. O pioneiro dicionarista Rafael Bluteau dizia o seguinte, no início do século XVIII: “Em Portugal se dão propinas aos oficiais da Casa Real, aos tribunais, ao reitor, chanceler, lentes, licenciados, bedéis etc. da universidade”.

Outra palavra que tem o mesmo sentido, “peita” (do latim pactum, “pacto”), é ainda mais antiga e também significativa: nasceu com o sentido de “tributo pago pelos que não eram nobres”. Todas vieram a se tornar intercambiáveis com o velho “suborno”, do latim sub + ornare, literalmente “adornar, municiar, enfeitar às escondidas” – quem imaginar uma joia presenteada na moita estará perto da verdade.

E ainda nem falamos em bola, molhadura, molhadela, pedágio, cervejinha, comissão…

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