Por que o inflamável não é só ‘flamável’?
Capa do álbum ‘Wish you were here’, do Pink Floyd “Sérgio, gostaria de saber sobre a formação da palavra ‘inflamável’. Se ‘chama’ vem de ‘flama’, o que dizer do prefixo ‘in’? Obrigado.” (José Francisco) Continua após a publicidade O adjetivo inflamável, “que se pode inflamar ou que se inflama facilmente”, se formou no próprio português, […]

“Sérgio, gostaria de saber sobre a formação da palavra ‘inflamável’. Se ‘chama’ vem de ‘flama’, o que dizer do prefixo ‘in’? Obrigado.” (José Francisco)
O adjetivo inflamável, “que se pode inflamar ou que se inflama facilmente”, se formou no próprio português, em meados do século XVI, a partir do verbo inflamar, “pôr fogo ou pegar fogo”, que é cerca de duzentos anos mais velho.
Inflamar veio diretamente do latim inflammare, que carregava o mesmo sentido. José Francisco tem razão quando relaciona flama e chama: ambas são palavras derivadas de flamma, “labareda, fogo”, com a diferença de que a primeira entrou em nosso idioma por via erudita e a segunda, por via popular.
O prefixo ‘in’ que confunde o leitor não significa, nesse caso, ausência ou negação, como ocorre por exemplo nas palavras inimigo, infeliz, invalidez – na verdade, dá-se o contrário.
‘In’ é um prefixo com duas fontes distintas no latim. Se a primeira indica negação, a outra traz a ideia de superposição, aproximação ou transformação. Inflammare está nesta segunda categoria.
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