Dia das Mães: Assine por apenas 5,99/mês
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Por que o cê-cedilha não está no alfabeto?

“Na verdade a dúvida não é sobre uma palavra, e sim sobre uma letra. E mais, a dúvida se tornou minha tambem, mas originalmente foi uma pergunta do meu filho de 7 anos: ‘Pai, se o ç é uma letra, por que não está no alfabeto?’ (!). Repasso o problema.” (Jairo Gawendo) A dúvida do […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 12h05 - Publicado em 5 Maio 2011, 15h59

“Na verdade a dúvida não é sobre uma palavra, e sim sobre uma letra. E mais, a dúvida se tornou minha tambem, mas originalmente foi uma pergunta do meu filho de 7 anos: ‘Pai, se o ç é uma letra, por que não está no alfabeto?’ (!). Repasso o problema.” (Jairo Gawendo)

A dúvida do filho de Jairo é boa. Embora tenha uma resposta simples na superfície, acaba mexendo com questões complicadas. O cê acompanhado da cedilha não é uma letra, mas a junção da letra c com o sinal diacrítico (distintivo) cedilha. O ç não aparece no alfabeto pela mesma razão que lá não está o ã. Os sinais diacríticos do português são a cedilha, os acentos gráficos, o til e, até pouco tempo atrás, o hoje extinto trema.

O papel dos sinais diacríticos é alterar a pronúncia normalmente atribuída às letras, dando-lhes novo valor fonético. Isso ocorre porque não é perfeita a correspondência entre os fonemas (sons da língua oral) e as letras que usamos para codificá-los por escrito. As vogais, por exemplo, são sete no mundo dos sons e apenas cinco no das letras (e e o correspondem cada um a dois fonemas, um aberto e um fechado).

Curiosamente, o espanhol, língua que inventou a cedilha no século 11, não a usa mais: a palavra vem provavelmente de zedilla, diminutivo de zê. A cedilha era um z pequeno – e foi mesmo pelo z que o idioma de Lionel Messi acabou por substituir o ç, cabendo ao português e ao francês garantir sua sobrevivência. Até o século 15 ou 16, era comum em nossa língua o uso de ç em início de palavras: “sapato sujo” aparecia frequentemente como çapato çujo!

É interessante observar que a sutil distinção fonética que motivou a adoção do ç no português antigo, para diferenciá-lo do s e do ss, ficou na poeira da história. “Qualquer que fosse a causa da primitiva distinção entre as referidas letras”, escreve o gramático Said Ali, “certo é que s ou ss (entre vogais), ç ou c (antes de e ou i) representam, em português moderno, um só fonema, a sibilante surda”.

Continua após a publicidade

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Toda quinta-feira o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.