Por que dar dízimo é diferente de dizimar
Feliciano em foto de Alan Marques/Folhapress Enquanto o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) vai resistindo a pressões internas e externas para abandonar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, vamos dar uma olhada na origem da palavra “dízimo”, base da riqueza da igreja do pastor Feliciano e muitas outras. Continua após a publicidade O […]

Enquanto o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) vai resistindo a pressões internas e externas para abandonar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, vamos dar uma olhada na origem da palavra “dízimo”, base da riqueza da igreja do pastor Feliciano e muitas outras.
O termo é derivado do latim decimus, “a décima parte” – a mesma matriz, como se vê, do vocábulo décimo. Ambos descendem de decimus, mas décimo é uma palavra de formação culta e dízimo, uma palavra de formação vulgar. O termo estreou em nosso idioma no século XIII, embora a prática a que se refere seja tão velha quanto a Bíblia.
O padre Rafael Bluteau, autor do “Vocabulário Português e Latino”, considerado o primeiro grande dicionário de nossa língua, escreveu o seguinte sobre o dízimo, no início do século XVIII, misturando definição objetiva e justificação moral:
A décima parte, que é paga às Igrejas, párocos delas, e pessoas eclesiásticas para sua (…) sustentação; que assim como estes sustentam aos fiéis com o pasto espiritual da doutrina e sacramentos, assim é razão, que os fiéis sustentem aos tais ministros com a décima parte dos frutos que colhem.
É curioso o parentesco próximo entre o substantivo dízimo e o verbo dizimar, que, como se sabe, significa “destruir, devastar” ou “matar em grande número”. Este nasceu para designar uma severíssima punição adotada pelos oficiais do exército romano em casos de insubordinação das tropas: matar, aleatoriamente, um em cada dez soldados.