Osasco e Barueri: a origem da chacina
Tudo indica que a palavra 'chacina' nasceu de uma expressão latina que significa 'carne seca'

“Chacina” – que o Houaiss define como “assassínio em massa, geralmente com crueldade; matança, mortandade, morticínio” – é uma palavra de origem controversa, mas a hipótese etimológica mais sólida a vincula ao latim vulgar siccina, termo presente na locução caro siccina, “carne seca”.
As acepções literais do vocábulo parecem sustentar essa tese: antes de ser usada em sentido figurado para nomear o que ocorreu ontem à noite na Grande São Paulo (leia mais aqui), “chacina”, uma palavra de meados do século XVI, teve – e nos dicionários ainda tem – os sentidos de “carne suína ou de gado vacum cortada em postas, salgada e curada” e “abate e esquartejamento de porco ou gado”.
O espanhol cecina, “carne seca”, tem a mesma origem, segundo o filólogo catalão Joan Corominas. Em nosso idioma, alguns estudiosos relutam em aceitar tal étimo por questões de disparidade fonética, mas esta pode ter uma explicação curiosa: o brasileiro Antenor Nascentes lembra que a lexicógrafa portuguesa Carolina Michaëlis propôs uma influência de “Chacim”, nome de uma freguesia de Bragança, em Trás-os-Montes, “na qual se prepara muito bem carne de porco salgada e fumada”.
Faz sentido. No português arcaico, como atesta o dicionário Constancio de 1868, “chacim” era sinônimo de “porco”.