O probo, o réprobo e o dilúvio
Entre as palavras de louvor ao réu enumeradas pela defesa de Delúbio Soares nas 135 páginas de alegações finais entregues quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal, destaca-se esta: “probo”. Como se sabe, probo é um modo erudito – ou pomposo – de dizer “honesto, íntegro, honrado, reto”. De todos esses sinônimos, o que mais se aproxima […]
Entre as palavras de louvor ao réu enumeradas pela defesa de Delúbio Soares nas 135 páginas de alegações finais entregues quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal, destaca-se esta: “probo”. Como se sabe, probo é um modo erudito – ou pomposo – de dizer “honesto, íntegro, honrado, reto”. De todos esses sinônimos, o que mais se aproxima do étimo da palavra é reto.
O vocábulo chegou ao português em fins do século 17, vindo do latim probus, por sua vez de origem indo-europeia: pro + bheu, algo como “o que cresce em linha reta”. Em sua língua original, os sentidos positivos de probus não se restringiam a julgamentos de caráter: podiam abarcar também coisas ou ideias que fossem boas, bem feitas, sólidas, confiáveis, verdadeiras. Isso ajuda a entender o parentesco – do qual tendemos a não nos dar conta – entre o adjetivo probo, o verbo provar e o substantivo probabilidade.
Uma característica curiosa do probo é que basta lhe acrescentar o prefixo re para que ele se torne um réprobo, isto é, um condenado.
Já Delúbio, bem, é um dos modos como a palavra “dilúvio” era grafada no século 15.