O proativo: pouco passado, muito futuro
Se ainda restasse alguma dúvida de que a língua está viva – e se mexendo! – bastaria pensar no adjetivo “proativo” (que muita gente escreve erradamente com hífen e acento, “pró-ativo”). Até alguns atrás, não parecia fazer falta a ninguém. Hoje é difícil imaginar um profissional de RH ou administração de empresas que possa viver […]
Se ainda restasse alguma dúvida de que a língua está viva – e se mexendo! – bastaria pensar no adjetivo “proativo” (que muita gente escreve erradamente com hífen e acento, “pró-ativo”). Até alguns atrás, não parecia fazer falta a ninguém. Hoje é difícil imaginar um profissional de RH ou administração de empresas que possa viver sem ele. Uma pessoa proativa, como se sabe, enxerga longe e antecipa-se aos problemas, agindo para contorná-los antes mesmo que apareçam os primeiros sintomas. É uma qualidade de grande valor no mundo corporativo, mas não só nele.
Fomos buscar a palavra no inglês proactive, que também é relativamente recente: surgiu nos anos 1930 como termo especializado no jargão dos psicólogos, mas o sentido atual, oposto a “reativo”, só ganhou seu primeiro registro em 1971, segundo o dicionário etimológico de Douglas Harper. Anteontem, portanto. No Brasil, o Houaiss data o vocábulo de 1993.
A utilidade de proativo me parece indiscutível: ativo não dá conta de seu sentido preciso. Embora sua disseminação indique um termo que já ultrapassou a fase do modismo, há quem se apegue ao caráter recente de uma palavra como essa para declarar sua futilidade, dizendo que, afinal, vivemos muito bem sem ela por séculos. O argumento não vale: também vivíamos muito bem sem profissionais de RH, por exemplo.