O parentesco da máscara com o mascote
Masca é uma palavra do latim tardio que queria dizer “bruxa, feiticeira”. Sua origem é obscura – celta ou germânica, segundo alguns etimologistas – mas sua descendência está razoavelmente bem documentada e inclui dois substantivos de uso amplo em português: máscara e mascote. Que “máscara”, palavra existente desde o século XV em português, veio do […]
Masca é uma palavra do latim tardio que queria dizer “bruxa, feiticeira”. Sua origem é obscura – celta ou germânica, segundo alguns etimologistas – mas sua descendência está razoavelmente bem documentada e inclui dois substantivos de uso amplo em português: máscara e mascote.
Que “máscara”, palavra existente desde o século XV em português, veio do italiano maschera, inicialmente “demônio” ou “representação do demônio”, ninguém discute. No entanto, as opiniões se dividem sobre a relação de maschera com masca – direta, para alguns estudiosos, ou oblíqua, para outros, como o catalão Joan Corominas, que foi buscar um étimo árabe, máshara, “bufão”, como origem de maschera, reservando ao termo do latim tardio um papel de influência semântica.
O caso de “mascote” é mais claro. Todos os estudiosos concordam que aquele masca passou ao provençal, língua falada no sul da França, como masco, vocábulo do qual se fez o diminutivo mascoto com o sentido de “sortilégio, feitiçaria”. Coube ao francês adotar a palavra como mascotte em meados do século XIX, já com seu sentido moderno, e exportá-la ao mundo inteiro a bordo do sucesso da opereta La mascotte, de Edmond Audran, em 1880.
O sentido do vocábulo que se espalhou pelo mundo – “pessoa, animal ou coisa que se considera como capaz de proporcionar sorte, felicidade” (Houaiss) – é ilustrado na obra de Audran pela personagem-título, a bela camponesa Bettina, que tem o poder de trazer sorte aos homens com quem se relaciona.