O monstro do Guarujá
Monstro, a palavra, nasceu no latim como monstrum, “aberração, aquilo que foge da ordem natural das coisas”. Um bezerro com duas cabeças, por exemplo. Como se acreditava que seres desse tipo eram portadores de mensagens – quase sempre funestas – dos deuses, derivaram seu nome do verbo monere, “advertir, anunciar, predizer”, do qual herdamos, entre […]

Monstro, a palavra, nasceu no latim como monstrum, “aberração, aquilo que foge da ordem natural das coisas”. Um bezerro com duas cabeças, por exemplo.
Como se acreditava que seres desse tipo eram portadores de mensagens – quase sempre funestas – dos deuses, derivaram seu nome do verbo monere, “advertir, anunciar, predizer”, do qual herdamos, entre outros, o substantivo premonição.
Não parece, mas etimologicamente o monstro é parente da demonstração.
Sendo uma pura manifestação do terror, o monstro merece morrer de forma vil. Nenhuma violência exercida contra o monstro será monstruosa, mas apenas natural. Pois não é ele, justamente, o violador da natureza?
No Guarujá, acharam que tinham encurralado o monstro sob a forma de uma sequestradora de crianças que atuava na região – personagem que, aliás, não existia.
Os linchadores de Fabiane Maria de Jesus acharam que tinham matado o monstro, mas o monstro estava dentro deles.
O monstro somos nós.