Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

O curioso parentesco do míssil com a missa

Soldados norte-coreanos se preparam para a guerra (KNCA/Reuters) Os mísseis que a Coreia do Norte estaria pronta para lançar a qualquer momento – e que poderiam atingir a base americana de Guam – deram à semana um clima tenso de ameaça nuclear que não se via no noticiário internacional desde a Guerra Fria. Continua após […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 06h32 - Publicado em 6 abr 2013, 10h00

coreia-do-norte-soldados-kcna-reuters

Soldados norte-coreanos se preparam para a guerra (KNCA/Reuters)

Os mísseis que a Coreia do Norte estaria pronta para lançar a qualquer momento – e que poderiam atingir a base americana de Guam – deram à semana um clima tenso de ameaça nuclear que não se via no noticiário internacional desde a Guerra Fria.

Continua após a publicidade

Enquanto Coreia do Sul e Estados Unidos ativam seus sistemas de defesa, a coluna intercepta os mísseis norte-coreanos ao seu modo: pelo aspecto linguístico da questão. E revela um parentesco etimológico que, se não chega a ser explosivo, é certamente inusitado: o das palavras míssil e missa.

Míssil é uma palavra anterior ao artefato bélico de tecnologia avançada que denomina. Nasceu no latim missilis, um adjetivo que significava “que é de atirar”, segundo o dicionário Saraiva. Ou seja: que é feito para ser arremessado. Uma pedra que se jogasse em alguém era chamada de missilis lapis. O Houaiss registra como vivo esse papel adjetivo da palavra míssil, mas ressalva que é “pouco usado”.

Um sentido mais próximo do que hoje é dominante – de foguete ou bomba autopropulsionada – foi atestado pela primeira vez no inglês missile em 1738, segundo o dicionário etimológico de Douglas Harper, enquanto a acepção mais moderna de foguete teleguiado teria que esperar até o fim da Segunda Guerra para surgir.

Continua após a publicidade

O elo entre o míssil e a missa é fornecido por um antepassado de numerosa descendência: o verbo latino mittere, que, embora tenha dado diretamente no português “meter”, tinha sentido um pouco mais amplo: “mover, tocar, fazer andar, impelir, dirigir, atirar, lançar; introduzir; pôr”.

Mittere e seu particípio passado, missum, estão por trás de uma grande quantidade de palavras de nossa língua, da demissão ao comissário, da submissão à promessa. O míssil e a missa são dois deles.

A ligação do primeiro com a ideia de “atirar, lançar” é evidente, mas a da missa guarda mais sutileza. Em latim, os sacerdotes encerravam antigamente a celebração eucarística com a seguinte frase: “Ite, missa est”, isto é, “Ide, foi enviada” – ou seja, a prece foi lançada aos céus e Deus vai recebê-la.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.