O curioso parentesco da pimenta com o pigmento
Não se trata de semelhança fortuita. A pimenta, nome genérico de diversos tipos de condimento picante, deve seu nome – existente em português desde o século XII – ao latim pigmenta, plural de pigmentum. Sim, estamos falando do mesmo ancestral do substantivo “pigmento”, que tem duas acepções no Houaiss: “substância que confere cor aos tecidos […]

Não se trata de semelhança fortuita. A pimenta, nome genérico de diversos tipos de condimento picante, deve seu nome – existente em português desde o século XII – ao latim pigmenta, plural de pigmentum.
Sim, estamos falando do mesmo ancestral do substantivo “pigmento”, que tem duas acepções no Houaiss: “substância que confere cor aos tecidos ou às células de um organismo” e “substância sólida existente na natureza ou produzida quimicamente, que absorve, refrata e reflete os raios luminosos que sobre ela incidem, usada como corante”.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Bem, tudo começa com a ideia de corante. Pigmentum tinha no latim clássico o sentido de “cor para pintar” e também, secundariamente, de “drogas; suco das plantas”, por ser destas que se extraíam tais substâncias na antiguidade.
Se recuarmos um pouco mais na história da palavra, vamos descobrir por trás de pigmentum o verbo pingere, que por intermédito do particípio vulgar pinctus é antepassado do nosso “pintar”.
Se o pigmento é herdeiro direto daquela acepção básica de “cor”, a pimenta veio do sentido secundário de “drogas; suco das plantas”. Isso provavelmente se liga ao fato de certos condimentos funcionarem também como corantes de pratos, com a possível influência adicional de uma sinestesia – a ideia de avivar o sabor, dando-lhe colorido figurado.