O Coelhinho da Páscoa é descendente de uma lebre
A deusa pagã Ostara: repare na lebre ao fundo, à direita Se comemora a ressurreição de Jesus, como foi que a Páscoa se viu de repente simbolizada por um coelho? Continua após a publicidade Por que em inglês o nome dela é Easter, uma palavra que aparentemente nada tem a ver com Páscoa? De onde […]

Se comemora a ressurreição de Jesus, como foi que a Páscoa se viu de repente simbolizada por um coelho?
Por que em inglês o nome dela é Easter, uma palavra que aparentemente nada tem a ver com Páscoa?
De onde vieram essas palavras? A do inglês também tem conotações religiosas?
Uma criança curiosa e bem municiada de informações – como é o caso de um número inédito delas a esta altura do século XXI – poderia formular todas essas perguntas depois do almoço de hoje, se não estivesse ocupada demais mastigando chocolate.
Em todo caso, convém estar preparado. Todas as respostas já foram apresentadas aqui, num artigo chamado “Páscoa, Pessach, Easter: assim se renova a vida”. Reproduzo-o abaixo.
Se a Páscoa volta todo ano, com sua forte simbologia cíclica de renovação e recomeço, por que a coluna deveria lutar contra isso? Feliz Páscoa!
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Por trás da palavra da semana, Páscoa, existente em português desde o século XIII, está o latim pascha (com influência de pascua, “pastagem”). Por trás de pascha está o grego páskha. Este por sua vez deixa entrever o hebraico pessach, “travessia”, onde tudo começou.
Às vezes, a história das palavras lembra aquele verso de Chico Buarque (na canção “Vida”) sobre “infinitas cortinas com palcos atrás”.
Antes de nomear a celebração cristã pela ressurreição de Jesus Cristo, pascha tinha, no latim clássico, a acepção de “festa solene entre os judeus” (segundo a fórmula do dicionário Saraiva), em comemoração à sua fuga do Egito sob o comando de Moisés – ou seja, era uma tradução literal de Pessach.
Ocorre que antes de Moisés e de seu sentido propriamente religioso, Pessach já nomeava a “festa dos pastores nômades pela chegada da primavera” (Houaiss). Note-se que todas essas acepções têm em comum a noção, ora religiosa, ora telúrica, de renovação da vida.
É por meio da ideia de celebração da natureza e da fertilidade que o latim pascha – que passou a diversas línguas ocidentais, do italiano Pasqua ao dinamarquês Paske – se comunica com o inglês Easter e o alemão Ostern, que destoam desse coro etimológico. Estes são termos ligados a Eostre ou Ostara, deusa da primavera no paganismo germânico que tinha entre seus símbolos uma lebre, animal ultrafértil, tataravó do atual Coelhinho da Páscoa.