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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

O café é ‘expresso’ ou ‘espresso’?

“Afinal, o café é ‘expresso’ ou ‘espresso’?” (Reinaldo Leme) A dúvida de Reinaldo é das boas. Encontram-se por aí as duas grafias, expresso e espresso. Prefiro a primeira – como, aliás, os poucos dicionários que registram essa acepção da palavra – pelas razões abaixo. Espresso é uma palavra italiana que, em português, traduz-se como expresso. […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h56 - Publicado em 25 nov 2013, 16h01

expresso

“Afinal, o café é ‘expresso’ ou ‘espresso’?” (Reinaldo Leme)

A dúvida de Reinaldo é das boas. Encontram-se por aí as duas grafias, expresso e espresso. Prefiro a primeira – como, aliás, os poucos dicionários que registram essa acepção da palavra – pelas razões abaixo.

Espresso é uma palavra italiana que, em português, traduz-se como expresso. Sim, foi na Itália que nasceu o café preparado dessa maneira, na hora, numa máquina especial. Mas não me parece que isso seja razão suficiente para importarmos também a grafia original.

Quem defende o uso de “espresso” alega que a palavra portuguesa expresso provoca confusão, por dar a entender que o particípio irregular do verbo exprimir, onde nasceu esse adjetivo (e também substantivo), tem algo a ver com a mecânica do café expresso.

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Acontece que, etimologicamente, tem mesmo, ainda que por vias meio tortas. Expresso é uma tradução literal possível de espresso e compartilha com ele um antepassado distante: o latim exprimere, que significava tanto “apertar com força, extrair” quanto “pronunciar, enunciar claramente”.

A história se complica um pouco porque dessa matriz latina o português tirou dois verbos distintos: espremer (no século XIV) e exprimir (no XV). Embora, como explica o Trésor de la Langue Française no verbete express, nunca tenha ficado estabelecido acima de qualquer dúvida se o espresso italiano nasceu com o sentido de “espremido, feito sob pressão” ou por analogia com a acepção (anglófila) do trem expresso, isto é, “rápido, direto ao ponto”, a grafia com xis tem sido adotada em francês e também aqui (em inglês, escreve-se espresso, à italiana).

Além de “enunciado de forma clara ou categórica”, expresso tem alguns outros sentidos consagrados que caem bem neste caso, como informa o Houaiss: “que é enviado rapidamente, sem delongas” (correspondência); “que vai do ponto de partida ao ponto de chegada sem parar” (trem). É nessa linhagem semântica que o mesmo dicionário passou recentemente – com atraso em relação ao “Dicionário de Usos” de Francisco S. Borba, mas à frente de boa parte dos concorrentes, que ainda ignoram tal acepção – a registrar o café “que é preparado, no momento em que o freguês o pede, numa máquina especial”.

Com xis, justamente. Não vejo por que contrariá-lo.

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