Num piscar de olhos, o lugar-comum
É preciso abrir o olho com o lugar-comum. Ele dá mais que chuchu na cerca no texto do escritor que não faz das tripas coração para reduzi-lo a pó. De repente, num piscar de olhos, é tiro e queda: lá está o clichê, a frase feita, a expressão convencional deitada no berço esplêndido das mal-traçadas. […]
É preciso abrir o olho com o lugar-comum. Ele dá mais que chuchu na cerca no texto do escritor que não faz das tripas coração para reduzi-lo a pó. De repente, num piscar de olhos, é tiro e queda: lá está o clichê, a frase feita, a expressão convencional deitada no berço esplêndido das mal-traçadas. E pouco importa que o autor seja dono de uma cultura invejável – o lugar-comum ataca gregos e troianos, penetrando insidiosamente em corações e mentes.
O preço da ausência de clichês é a eterna vigilância. Sem suar em bicas, sem trabalhar de sol a sol, nenhum escritor digno desse nome pode se considerar a salvo de seu doce veneno. Eu disse doce? Sim, doce, porque um lugar-comum que se preze é chinelo velho para pé cansado, o que equivale a dizer que proporciona ao usuário uma nítida sensação de prazer e conforto. No entanto, nunca se deve perder de vista que esse amor bandido, no fundo um santinho do pau oco, está sempre pronto a nos privar na calada da noite e com um drible seco e desconcertante de nosso mais precioso bem, a originalidade da expressão, nos deixando de mãos abanando e a ver navios no inverno tenebroso da linguagem.
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