No fundo de todo atleta há um grego valentão
No fundo de todo atleta – mesmo aqueles das modalidades mais pacíficas e graciosas como, sei lá, a ginástica artística – existe um antepassado de Anderson Silva. O termo latino athleta, no qual fomos buscar nosso substantivo em meados do século 16, designava em primeiro lugar um “lutador, o que combate nos jogos públicos”, segundo […]

No fundo de todo atleta – mesmo aqueles das modalidades mais pacíficas e graciosas como, sei lá, a ginástica artística – existe um antepassado de Anderson Silva. O termo latino athleta, no qual fomos buscar nosso substantivo em meados do século 16, designava em primeiro lugar um “lutador, o que combate nos jogos públicos”, segundo o clássico Dicionário Latino-Português de Saraiva. A segunda acepção latina não era mais próxima do sentido moderno da palavra: “Campeão, valentão”.
O latim tinha importado o termo do grego athletes, de sentido idêntico e ligado a áthlon, “prêmio, recompensa de um combate” – palavra que aparece como elemento de composição nos nomes de uma série de modalidades esportivas, entre elas o pentátlon (ou, modernamente, pentatlo), “conjunto dos cinco principais exercícios atléticos praticados pelos antigos gregos (corrida, arremesso de disco, salto, lançamento de dardo e luta)”, na definição do Houaiss.
É curioso observar a expansão metafórica que, em latim, levou athla, plural de athlon, a ganhar a acepção de “atos da vida humana, tudo que os homens fazem ou padecem”. Ou seja, todas aquelas recompensas – que podem ser de ouro, prata ou bronze, mas também de lata – que ganhamos diariamente em combates sem plateias, longe de todas as câmeras.