‘Muito pouco’ está certo?
“Está certo falar ou escrever ‘muito pouco’? Como pode ser muito, se é pouco? Como pode ser pouco, se é muito?” (Alice Vergara) Não há nada errado com a expressão “muito pouco”. Trata-se de um par de advérbios em que o primeiro intensifica o segundo, dando-lhe grau superlativo. “Muito pouco” equivale a “pouquíssimo”. Imagine-se a […]
“Está certo falar ou escrever ‘muito pouco’? Como pode ser muito, se é pouco? Como pode ser pouco, se é muito?” (Alice Vergara)
Não há nada errado com a expressão “muito pouco”. Trata-se de um par de advérbios em que o primeiro intensifica o segundo, dando-lhe grau superlativo. “Muito pouco” equivale a “pouquíssimo”.
Imagine-se a seguinte construção: “Ela come muito pouco”. “Pouco” é um advérbio que se refere ao verbo comer, enquanto “muito” é um advérbio que intensifica “pouco”.
Também é possível encontrar a seguinte construção, que é semelhante, mas não idêntica: “Ela sente muito pouca fome”.
Neste caso, “pouca” não é advérbio, mas aquilo que os gramáticos classificam como pronome indefinido em papel de adjetivo, significando “escassa, insuficiente” – razão pela qual sofre flexão (neste caso, de gênero) para concordar com o substantivo “fome”.
“Muito” aqui ainda é um advérbio, e portanto permanece invariável. Não se diz “muita pouca”.
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