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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

‘Mesmo se nada der certo’ ou ‘mesmo que nada dê certo’?

“Olá, Sérgio. Domingo passado estava eu em busca de um bom filme e eis que me deparo com um título que me deixou um tanto confuso. O longa-metragem em questão se chamava ‘Mesmo se nada der certo’ (Begin again, Estados Unidos, 2014). Então, veio-me à mente uma lição de gramática que ensinava que a sequência […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h08 - Publicado em 11 fev 2015, 14h04

“Olá, Sérgio. Domingo passado estava eu em busca de um bom filme e eis que me deparo com um título que me deixou um tanto confuso. O longa-metragem em questão se chamava ‘Mesmo se nada der certo’ (Begin again, Estados Unidos, 2014). Então, veio-me à mente uma lição de gramática que ensinava que a sequência ‘mesmo se’ não era abonada pela norma culta, devendo ser substituída, por sua vez, pela locução conjuntiva ‘mesmo que’. Sendo assim, não teria sido mais adequado, do ponto de vista culto da língua, a tradução da obra como ‘Mesmo que nada dê certo’? Grato.” (Sinval do Nascimento Neto)

Seria necessário adotar um ponto de vista extremamente conservador para condenar uma construção de uso amplo como “mesmo se nada der certo”. É verdade que ela já mereceu cascudos dos gramáticos e que ainda hoje é possível encontrar (como aqui) quem lhe torça o nariz.

Em minha opinião, tal condenação traduz uma visão estreita tanto do uso quanto da mecânica gramatical propriamente dita.

Ninguém nega que “mesmo que nada dê certo” seja uma construção de corte mais clássico – embora, convém não esquecer, há cerca de um século os puristas condenassem como galicismo a locução conjuntiva concessiva “mesmo que”.

Ocorre que “mesmo se nada der certo”, expressão mais moderna e de sabor mais coloquial que se emprega tanto no Brasil quanto em Portugal, funciona da mesma forma.

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Em sua rigorosa “Gramática de usos do português”, a brasileira Maria Helena de Moura Neves não trata tal construção como concessiva, mas como “condicional com matiz concessivo”, ou seja, na fronteira entre uma coisa e a outra.

Um dos exemplos citados pela professora Maria Helena é retirado do romance “Agosto”, de Rubem Fonseca: “Mesmo se quisesse não conseguiria trabalhar”.

Citada pelo site Ciberdúvidas num artiguete de 2009, sua xará lusitana Maria Helena Mira Mateus diz o mesmo com outras palavras na “Gramática da língua portuguesa” ao observar que “mesmo se” é compatível com “orações concessivas hipotéticas (…), por terem [tais orações] sentido contrativo e condicional”.

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É importante observar que, embora “mesmo que nada dê certo” e “mesmo se nada der certo” sejam, como se vê, intercambiáveis, há mudança nas formas verbais: sempre no modo subjuntivo, “mesmo que” deixa o verbo no presente e “mesmo se”, no futuro.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

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