Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

‘Marcha à ré’ ou ‘marcha a ré’? Com ou sem crase?

“Caro colunista: há tempo, tenho uma dúvida quanto ao uso ou não do acento indicador de crase antes do substantivo ‘ré’ (dar marcha a ré). Essa dúvida é decorrente do fato de eu observar que aqui e ali a frase aparece com crase, enquanto na maioria das vezes isso não acontece. Que explicação você daria […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h59 - Publicado em 8 jul 2015, 15h00

marcha-%c3%a0-r%c3%a9

“Caro colunista: há tempo, tenho uma dúvida quanto ao uso ou não do acento indicador de crase antes do substantivo ‘ré’ (dar marcha a ré). Essa dúvida é decorrente do fato de eu observar que aqui e ali a frase aparece com crase, enquanto na maioria das vezes isso não acontece. Que explicação você daria para acabar de vez com minha dúvida?” (Orlando Torres Filho)

O melhor jeito de acabar com sua dúvida é relaxar, Orlando. “Marcha a ré” e “marcha à ré” são formas igualmente corretas, a oscilação entre elas obedecendo a uma questão de uso e não de gramática.

Mas como é possível ambas estarem corretas, se uma tem crase e a outra não? Simples: o substantivo feminino “ré”, um descendente do latim retro nascido no vocabulário náutico com o sentido original de “parte de trás do navio”, pode vir acompanhado ou desacompanhado do artigo definido.

Quando temos o artigo a, este e a preposição a se contraem em “à ré” – em oposição simétrica à também craseada expressão “à frente”.

Continua após a publicidade

Ocorre que o artigo pode ser omitido, a exemplo do que se dá com outras expressões náuticas como “a bombordo” e “a estibordo” (e não “ao bombordo” e “ao estibordo”). Neste caso, temos “a ré”.

Consta que em Portugal admitem apenas “à ré” – expressão que não costuma ser empregada em referência à marcha, aliás, preferindo-se “marcha-atrás”.

No Brasil, as preferências se dividem entre “marcha a ré” e “marcha à ré”. O dicionário Houaiss registra apenas a versão sem crase. Francisco Borba, apenas a versão com crase.

Continua após a publicidade

O Aurélio resolveu o dilema de forma salomônica. Como anota, implacável, Domingos Paschoal Cegalla no “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”, em sua edição de 1986 o mais famoso dicionário brasileiro “grafou a expressão sem crase no verbete marcha e com crase no verbete ”.

Conclui Cegalla, sensatamente: “Ambas as grafias são corretas”. Mesmo tendo o hábito de escrever “marcha à ré”, com crase, sou obrigado a concordar.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.