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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Marcas registradas têm o direito de deformar a língua?

Se ele se chamasse Febo, teria o mesmo perfume? “Estou com dúvida quanto a se poder ou não escrever uma palavra erradamente para fim comercial, como no caso de uma marca de chocolate, que colocou em um dos seus produtos o nome Cacau Espresso, isso mesmo, com ‘s’ no lugar do ‘x’. Este comportamento pode […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h21 - Publicado em 27 fev 2014, 13h48

Se ele se chamasse Febo, teria o mesmo perfume?

Se ele se chamasse Febo, teria o mesmo perfume?

“Estou com dúvida quanto a se poder ou não escrever uma palavra erradamente para fim comercial, como no caso de uma marca de chocolate, que colocou em um dos seus produtos o nome Cacau Espresso, isso mesmo, com ‘s’ no lugar do ‘x’. Este comportamento pode ser admissível?” (Antônio José Barbosa)

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Marcas podem brincar com a língua à vontade – e brincam mesmo. Fui agora ao armário da despensa em busca de exemplos e logo topei com uma garrafa de Matte Leão, que meus filhos adoram. Será que os fabricantes não sabem que o substantivo “mate” se escreve e sempre se escreveu com um tê só?

Sabem, sim. Mas corrigi-los faria tanto sentido quanto impedir um pai de batizar seu filho de Mattheus, sob a alegação de que Mateus é a forma correta na tradição da língua portuguesa. O argumento seria até verdadeiro. Tratá-lo como lei, porém, agrediria um direito civil inegociável.

(Certo, eu também acho embaraçosa a proliferação de cidadãos brasileiros chamados Francilleydys e Wellerdicksons. A resposta para isso é educação, não repressão.)

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Vamos combinar que uma instância fiscalizadora da conduta dos gestores de branding só seria concebível numa sociedade totalitária de caricatura. Em sua bendita ausência, cabe exclusivamente ao cliente de cada produto dizer se gosta ou não da travessura linguística em questão.

Eu, por exemplo, simpatizo muito com o sabonete Phebo, que não teria metade da graça se tivesse atualizado seu nome para Febo na reforma ortográfica de 1931. Mas minha decisão – implicante, admito – de não manter relações diplomáticas com a cerveja Bavaria obedece a critérios linguísticos (em português é Baviera, estúpido!), entre outros.

Ultimamente, depois de passarem do ponto na insistência, passei a tratar vanilla, substituto onipresente e metido a besta da boa palavra portuguesa baunilha, como um atestado de mau gosto terminal. Não, não acho que deviam proibir vanilla, cada um sabe de si. Mas fica o toque.

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Por fim, vale registrar que o exemplo citado por Antônio José, Cacau Espresso, nem é tão representativo dessa liberdade. Muita gente boa defende que se adote em português a grafia italiana espresso para nomear o referido café. Eu me alinho com a turma que prefere a forma expresso, por razões que expliquei aqui, mas é inegável que a instabilidade existe.

E se não existisse, qual seria o problema? O uso de uma grafia estrangeira para conferir a determinado produto um vago charme exótico é o truque mais velho do manual.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

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