Manjedoura, o cocho do presépio
Manjedoura é uma daquelas palavras que, como panetone, só existem no Natal. Não, eu não ignoro que manjedoura – “tabuleiro em que se deposita comida para vacas, cavalos etc. em estábulos” (Houaiss) – é um termo vernacular nascido no século 15. O que quero dizer é que, ofuscado na língua da pecuária brasileira do dia […]
Manjedoura é uma daquelas palavras que, como panetone, só existem no Natal. Não, eu não ignoro que manjedoura – “tabuleiro em que se deposita comida para vacas, cavalos etc. em estábulos” (Houaiss) – é um termo vernacular nascido no século 15. O que quero dizer é que, ofuscado na língua da pecuária brasileira do dia a dia por um sinônimo popular como cocho ou coche, tornou-se um vocábulo de ares nobres que vive quase exclusivamente do papel que desempenha nos presépios, como nome do berço improvisado do recém-nascido Jesus.
A origem da palavra manjedoura está cercada de controvérsia. É evidente, em sua composição, a influência remota do latim manducare (mastigar), que gerou o francês manger, o italiano mangiare e o português manjar (todos verbos que significam comer, ingerir alimentos). A isso, foi só juntar o sufixo -douro, que indica o local onde se passa a ação, para ter manjedoura. A dúvida é se a formação se deu já em português ou por influência do italiano mangiatoia, vocábulo que precede manjedoura em mais de dois séculos.