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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Halloween: bruxas, santos e sacis

O Halloween do urso polar no zoológico de Hannover (Emily Wabitsch/AFP) Quem acha que os estragos promovidos por Sandy na costa leste dos EUA fazem de “furacão” (ex-furacão?) uma Palavra da Semana obrigatória concorda comigo. No entanto, como tratei dela há pouco mais de um ano aqui na coluna, no artiguete Furacão, a fúria do […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 07h30 - Publicado em 3 nov 2012, 09h00

O Halloween do urso polar no zoológico de Hannover (Emily Wabitsch/AFP)

Quem acha que os estragos promovidos por Sandy na costa leste dos EUA fazem de “furacão” (ex-furacão?) uma Palavra da Semana obrigatória concorda comigo. No entanto, como tratei dela há pouco mais de um ano aqui na coluna, no artiguete Furacão, a fúria do Cão, é melhor recomendar um clique nas palavras alaranjadas aí em cima do que correr o risco de me repetir. Onde se lia Irene, leia-se Sandy. O resto está valendo.

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Foi assim, com a desclassificação de furacão, que o título filológico da semana caiu no colo de Halloween. E antes que alguém venha repetir o grosseiro slogan nacionalista que há alguns anos tenta combater o suposto “entreguismo cultural” desse modismo – “Halloween é o cacete” – adianto que, sim, sei muito bem que se trata de um vocábulo do inglês. Isso não impede o Houaiss de corretamente registrá-lo. O uso é soberano, e o termo vem sendo tão usado entre nós que só resta à lexicografia reconhecer isso.

O sucesso internacional do Halloween não se limita ao Brasil. Uma galeria de fotos publicada esta semana por Veja.com mostrou animais de zoológicos espalhados pelo mundo recebendo alimentos dentro daquelas abóboras características da data, brincadeira que faz sucesso entre os tratadores. O urso da foto acima é alemão. Declarar guerra ao gosto de tantas crianças por se vestirem de bruxas e vampiros, como se tais entidades fossem alheias ao seu repertório cultural no mundo globalizado do século 21, é perda de tempo. Faz mais sentido tentar incorporar o saci-pererê ao elenco das fantasias de Halloween do que embarcar na causa inglória de transformá-lo em mártir cultural de um país ao qual não faltam folguedos de raiz incomparavelmente mais relevantes. Alguém falou em carnaval?

O sincretismo religioso e cultural está inscrito desde o início na história do Halloween. A palavra é uma abreviação escocesa da expressão (do inglês antigo) All Hallow Even, isto é, “véspera de Todos os Santos”. Então estamos falando de uma data católica? Sim e não. O dia de Todos os Santos, que era comemorado em 13 de maio, foi transferido para 1º de novembro pelo Papa Gregório III (731-741) por motivos obscuros, mas alguns historiadores da religião atribuem tal mudança ao desejo de Roma de dar roupagem cristã a uma festa pagã de origem celta, o Samhain, cuja popularidade se recusava a diminuir na Grã-Bretanha evangelizada. Foi assim que o 31 de outubro, consagrado às bruxas, véspera do ano novo no antigo calendário celta, virou o Halloween, “véspera de Todos os Santos”. Se não pode vencê-los, junte-se a eles.

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