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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Há diferença entre ser fiel e ser leal?

Deneuve em ‘A bela da tarde’: infiel e desleal “Acabei de ler sobre influir e influenciar. Me diz sobre ser fiel e ser leal! Parabéns! Obrigado.” (Israel Trassi) Continua após a publicidade A pergunta de Israel é sobre aqueles matizes que diferenciam sinônimos. Como vimos recentemente no caso de influir e influenciar – e ao […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h56 - Publicado em 24 jun 2013, 16h39

Deneuve em ‘A bela da tarde’: infiel e desleal

“Acabei de ler sobre influir e influenciar. Me diz sobre ser fiel e ser leal! Parabéns! Obrigado.” (Israel Trassi)

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A pergunta de Israel é sobre aqueles matizes que diferenciam sinônimos. Como vimos recentemente no caso de influir e influenciar – e ao contrário do que supõe o senso comum – a sinonímia não significa que dois termos têm carga semântica idêntica, apenas que são intercambiáveis em determinadas situações.

Os adjetivos fiel e leal são palavras antigas, ambas registradas em português desde o século XIII, e faz séculos que aparecem lado a lado em qualquer lista de sinônimos digna desse nome (na companhia de termos como constante, confiável, sincero e honesto).

Em contraste com influir e influenciar, que compartilham a raiz latina, fiel e leal têm pontos de partida etimológico distintos. Fiel veio do latim fidelis, adjetivo ligado a fides, “fé, boa fé, integridade”, e desde cedo carregado de conotações religiosas que ainda se conservam vivas. Eis por que, sinonímia à parte, um slogan como “Deus é fiel” não faria muito sentido se fosse alterado para “Deus é leal”.

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A origem de leal nada tem de religiosa. Pertencia a princípio ao vocabulário político, jurídico, legal – neste caso, literalmente: derivada do latim tardio legalis, a palavra surgiu como variante vulgar de “legal”. Se o indivíduo era fiel ou infiel a uma igreja, era leal ou desleal a um rei, um Estado, um país, um conjunto de leis. Essa origem também permanece presente, por exemplo, quando se diz que um atleta é desleal (ou seja, não respeita as regras do esporte).

A expansão semântica tornou as duas palavras equivalentes em grande parte de suas acepções, mas mesmo quando compartilham o sentido de constante, confiável e honesto há diferenças sutis entre elas. Hoje em dia, seu uso intensivo – principalmente o de fiel – no vocabulário amoroso tem levado ao refinamento de uma nova distinção ainda ausente dos dicionários: será possível ser fiel sem ser leal? Ou vice-versa?

Há quem garanta que sim, argumentando que a fidelidade se limita ao campo propriamente sexual, enquanto a lealdade engloba um conjunto amplo e meio difuso de compromissos afetivos e sociais. Ou seja, uma infidelidade sexual fortuita e inconsequente poderia ser acompanhada de lealdade, isto é, de respeito ao parceiro (embora seja bastante duvidoso que isso lhe sirva de consolo), enquanto a deslealdade seria capaz de se manifestar em atos de traição ao pacto amoroso que não necessariamente acabam na cama.

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A partir desta semana, a coluna Sobre Palavras cresce: passa a ser publicada de domingo a sexta-feira. Para dar conta do grande número de consultas, a seção Consultório ganha mais um dia: além das tradicionais quintas-feiras, as dúvidas dos leitores também serão esclarecidas às segundas. Envie sua consulta sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br
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