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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Gimme a break, nobre deputado!

Por dois votos (26 a 24), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou na terça-feira uma lei que proíbe o uso de palavras estrangeiras. Trata-se de uma versão regional da mesma ideia torta que, em nível nacional, fez o projeto Aldo Rebelo despertar marolas alguns anos atrás. O deputado gaúcho Raul Carrion, autor […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 5 jun 2024, 14h10 - Publicado em 24 abr 2011, 10h00

Por dois votos (26 a 24), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou na terça-feira uma lei que proíbe o uso de palavras estrangeiras. Trata-se de uma versão regional da mesma ideia torta que, em nível nacional, fez o projeto Aldo Rebelo despertar marolas alguns anos atrás. O deputado gaúcho Raul Carrion, autor do projeto, compartilha com Rebelo não apenas a sigla partidária, PC do B, mas também uma peculiar mistura de demagogia e ignorância sobre o funcionamento das línguas.

A demagogia vem do apelo fácil aos brios nacionalistas de uma grande parte da população, que não tem por que aprovar o uso indiscrimado de jequices linguísticas como sale nas vitrines de lojas em liquidação ou vanilla nas embalagens de sorvete de creme.

A ignorância linguística fica atestada no momento em que se acredita – ou se finge acreditar – que uma lei possa dar jeito nisso. Que o Estado se meta a regulamentar a ortografia, como ocorre no Brasil, pode-se contestar, mas vá lá: ortografia é verniz, a parte mais superficial de um idioma. Mas o vocabulário?

Não é tudo. Ainda que fosse possível controlar a língua a canetadas, isso estaria longe de ser desejável. Ou será que, junto com os anglicismos recentes e tolinhos que julga “desnecessários”, o legislador pretende abolir também o habeas corpus, o sushi, a Cuba Libre, o scarpin, o sabor tutti-frutti, enfim, o Zeitgeist inteiro? E o que fazer com as incontáveis palavras estrangeiras que se disfarçaram de nativas, como futebol, abajur, vitrine, xampu, uísque, quibe e espaguete, para citar uma fração ínfima delas?

Se somos um povo culturalmente deslumbrado com o que vem de fora – dos Estados Unidos, melhor dizer logo –, isso tem apenas um remédio: educação, educação, educação. Em doses diárias e maciças. Mas pode ser que esse tratamento nossos ilustres representantes tenham medo de aplicar, pois acabaria por nos curar deles também.

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