Epidemia: até a palavra é contagiosa
Souleymane Bah chega ao Rio (Mauro dos Santos/Reuters) Tirar a Palavra da semana do campo (de batalha) eleitoral num momento como este não é para qualquer vocábulo. Mas epidemia não é um vocábulo qualquer, especialmente diante da suspeita de que o raio de alcance do vírus ebola – que já tem mais de 8 mil […]

Tirar a Palavra da semana do campo (de batalha) eleitoral num momento como este não é para qualquer vocábulo. Mas epidemia não é um vocábulo qualquer, especialmente diante da suspeita de que o raio de alcance do vírus ebola – que já tem mais de 8 mil casos confirmados ou suspeitos na África – pode ter chegado ao Brasil.
“Autoridades sanitárias brasileiras investigam o primeiro caso de suspeita de ebola no país. O caso foi comunicado na noite desta quinta-feira pela Secretaria de Saúde do Paraná ao Ministério da Saúde. Informações preliminares indicam que o paciente, de 47 anos, veio de Conacre, capital da Guiné, em um voo com escala em Marrocos”, noticiou Veja.com ontem à noite. O resultado do exame de sangue de Souleymane Bah, 47 anos, transferido hoje cedo para o Rio de Janeiro, deve sair amanhã.
O grego epidemía, que está na origem mais remota do termo, é composto por epí (“sobre”) + demos (“povo, país”). Referia-se a doenças que assolavam determinadas regiões – e que, num tempo de deslocamentos geográficos limitados, lá tendiam a ficar.
Foi por meio do latim medieval epidemia ou epidimia, transmitido inicialmente ao francês antigo ypidime (hoje épidémie) em meados do século XIII, que a palavra contagiou o Ocidente. Após a epidemia de “peste negra” que dizimou grande parte da população europeia no século XIV, o inglês contraiu o vocábulo em fins do século XV. O português, na primeira metado do XVI.
Quanto ao vírus ebola (repetindo o que publiquei aqui em agosto), “seu batismo se deu em 1976, quando ele foi descoberto por cientistas belgas no vale do rio Ebola, no Congo – então ainda chamado de Zaire”.