Diferente é você! Esta crônica é apenas diferenciada
O diferenciado se diferencia ao mesmo tempo do indiferenciado e do diferente. Pode-se diferir do diferenciado, e até difamar seu diferencial; ficar indiferente a ele, dificilmente. Já a dor do diferente, esta indeferimos com a maior indiferença. Diante do diferente, o que mais importa é ser igual aos iguais: o indiferenciado vira abrigo, calor e […]
O diferenciado se diferencia ao mesmo tempo do indiferenciado e do diferente.
Pode-se diferir do diferenciado, e até difamar seu diferencial; ficar indiferente a ele, dificilmente.
Já a dor do diferente, esta indeferimos com a maior indiferença.
Diante do diferente, o que mais importa é ser igual aos iguais: o indiferenciado vira abrigo, calor e inclusão.
“Seu diferente!”, o xingamento, dedo em riste, é lançado contra tudo aquilo (cor, classe, sexualidade, cultura) que se quer discriminar, com perfeita indiferença pelas consequências morais ou físicas desse anátema.
Ser igual aos iguais só se torna indesejável quando surge o diferenciado. Ah, o diferenciado! O diferenciado consegue operar a mágica de se diferenciar sem deixar o círculo de abrigo, calor e inclusão do indiferenciado.
Pelo contrário: o diferenciado mora em seu núcleo, intensamente admirado pela massa indiferenciada. O diferenciado é o melhor dos iguais.
Tem sentido tão positivo que, em evolução recente, virou até eufemismo cômico na boca de quem quer disfarçar o preconceito contra o diferente.
Não surpreende que todo mundo queira ser diferenciado e ninguém queira ser diferente.