Diálogo poético na cama
Poeta para Musa: Com troqueus em forma de tachinhas Eu prendo a melodia na epiderme E súbito entra épico O aríete Até você gritar, agradecida Ao acabar, exausta e comovida: É para isso então que serve A poesia! E nesse momento entramos Com o porte esbelto e galgo de cavaleiros inexistentes, irrompemos Cravando os dentes […]
Poeta para Musa:
Com troqueus em forma de tachinhas
Eu prendo a melodia na epiderme
E súbito entra épico
O aríete
Até você gritar, agradecida
Ao acabar, exausta e comovida:
É para isso então que serve
A poesia!E nesse momento entramos
Com o porte esbelto e galgo de cavaleiros inexistentes, irrompemos
Cravando os dentes enfiamo-nos, quase altos
Pela porta estreita, de luz rala.(Caiba aí talvez uma caneca
De café, dedos nodosos
Um ranço de insatisfação na saciedade
Corpos lassos coitados sobre a cama.)Que vemos, então, senão ela
A mais do que bela, a horrível
Linguagem
Com a língua de fora
Na eterna sacanagem de toda linguagem
Atrás da porta?É um espetáculo. Iluminá-lo
Com essa tocha: poesia.
Ei-la.
Musa para Poeta:
Sério mesmo? Que sorte a sua, pra mim foi só OK. Mas vamos dormir que amanhã é segunda!