Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Relâmpago: Revista em casa por 9,99/semana
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Despauté-Rio

Das palavras disponíveis em nossa língua para nomear o assombro diante do que não faz sentido, de tudo aquilo que não pode – ou não deveria poder – ser, sempre tive uma quedinha especial por despautério. É o substantivo masculino despautério, nascido no século 19, que me vem primeiro à cabeça quando três prédios inteiros […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 09h39 - Publicado em 29 jan 2012, 09h00

Das palavras disponíveis em nossa língua para nomear o assombro diante do que não faz sentido, de tudo aquilo que não pode – ou não deveria poder – ser, sempre tive uma quedinha especial por despautério.

É o substantivo masculino despautério, nascido no século 19, que me vem primeiro à cabeça quando três prédios inteiros – um deles de vinte andares – viram pó de um minuto para o outro numa área nobre do centro da minha cidade, ao lado do Teatro Municipal.

A palavra presta dúbia homenagem a um velho gramático flamengo, Despautère (Despauterius em latim), muito popular na Europa nos séculos 16 e 17, que no entanto passou à história com a fama de confuso e dado a espalhar asneiras.

Quando o absurdo é apenas dito, o despautério vira sinônimo de tolice, dislate, besteira, no espírito da referência original ao tal filólogo. Mas é em sua acepção figurada – quando o absurdo que nomeia é um fato, um desatino não mais de julgamento individual, mas impregnado no próprio tecido do mundo – que despautério ganha mais força expressiva.

No entanto, é recurso que se deve usar com parcimônia. Como tudo que se banaliza, o assombro invocado por despautério tende a perder potência quando muito repetido. Edifícios que esfarelam, bueiros explosivos, turistas que despencam do bondinho pelo buraco na grade sobre o abismo, ônibus que ignoram sinais vermelhos, caipirinhas a R$ 20,00 em qualquer biboca, imóveis mais caros que em Manhattan ou Paris. Despauté-Rio.

Tem horas que só partindo para a invenção.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas.

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 28% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 10,00)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 39,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.