Criptografar e decifrar é só começar
A melhor história que leio em muito tempo sobre um tema relacionado à linguagem é esta reportagem da revista “Piauí”, chamada “Gritomudonomuro”, em que Bernardo Esteves conta com habilidade como um estudante de matemática da PUC do Rio de Janeiro decifrou, com a ajuda de um programa de computador especialmente escrito para a tarefa, o […]

A melhor história que leio em muito tempo sobre um tema relacionado à linguagem é esta reportagem da revista “Piauí”, chamada “Gritomudonomuro”, em que Bernardo Esteves conta com habilidade como um estudante de matemática da PUC do Rio de Janeiro decifrou, com a ajuda de um programa de computador especialmente escrito para a tarefa, o alfabeto secreto criado por uma artista de rua chamada Joana César para encher os muros da Zona Sul da cidade com confissões íntimas que só ela conseguia ler (foto).
Se não chega nem perto de se comparar a uma pequena fração do grau de dificuldade que teve o matemático inglês Alan Turing para quebrar o código nazista das máquinas alemãs Enigma durante a Segunda Guerra Mundial – praticamente inventando o computador moderno no processo –, a saga do jovem matemático Paulo Orenstein tem charme, do qual não falarei mais para não estragar o prazer dos leitores espertos que procurarem a reportagem.
Esse singelo caso de criptografia artística e decifração diletante me lembrou um outro, existente apenas no reino das piadas, mas também desafiador. A historinha me chegou por email em 2003, quando Saddam Hussein ainda estava vivo e George W. Bush era presidente dos EUA. Consta que o ditador iraquiano decidiu um dia enviar a Bush um bilhete do próprio punho com os seguintes dizeres:
370HSSV-0773H
Ninguém na Casa Branca ou no Pentágono conseguiu decifrar a mensagem. A tarefa foi passada então à comunidade de inteligência, em vão, e em seguida a NASA e o MIT entraram na roda. Nada. Já em desespero, um araponga americano foi se queixar com um colega israelense. O agente do Mossad pegou o bilhete, deu uma rápida olhada nele e o devolveu:
– Diga ao presidente que ele está lendo de cabeça para baixo.