Convocação com vocação
Embora seja ridiculamente cedo para avaliar o trabalho de Mano Menezes como treinador da seleção brasileira, pode-se saudar desde já que seu primeiro ato no cargo promova a reconciliação de duas palavras etimologicamente aparentadas que, na era Dunga, andavam meio estremecidas: convocação e vocação. Ao abrir espaço, em sua primeira convocação, a um número maior […]
Embora seja ridiculamente cedo para avaliar o trabalho de Mano Menezes como treinador da seleção brasileira, pode-se saudar desde já que seu primeiro ato no cargo promova a reconciliação de duas palavras etimologicamente aparentadas que, na era Dunga, andavam meio estremecidas: convocação e vocação.
Ao abrir espaço, em sua primeira convocação, a um número maior de jogadores vocacionados para jogar futebol, mesmo entre aqueles que atuam como volantes, Mano lembra que no princípio de tudo está a vox, a voz que chama.
Convocação, palavra oriunda do latim convocationis, tem em sua origem os gritos com que se conclamavam as pessoas a se aproximarem, um chamado para reunião.
No caso de vocação, do latim vocationis, o chamado é de outra ordem – da natureza, do destino, de Deus ou daquilo a que o freguês quiser atribuir o poder de distinguir certos seres humanos com um talento específico, intimando-os a segui-los.
Convocar a vocação é o que se espera de todo bom convocador.