Cataclismo na Região Serrana
As enormes dimensões da tragédia na Região Serrana do Rio são do tipo que fazem a linguagem empalidecer diante do real, por mais que se desfie a longa lista de sinônimos que a humanidade vem acumulando desde a infância diante dos grandes desastres que a deixam impotente: catástrofe, hecatombe, calamidade, flagelo. Nenhum desses vocábulos, porém, […]
As enormes dimensões da tragédia na Região Serrana do Rio são do tipo que fazem a linguagem empalidecer diante do real, por mais que se desfie a longa lista de sinônimos que a humanidade vem acumulando desde a infância diante dos grandes desastres que a deixam impotente: catástrofe, hecatombe, calamidade, flagelo. Nenhum desses vocábulos, porém, tem ressonâncias históricas tão apropriadas ao que se passou esta semana em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e arredores quanto o pouco usado cataclismo. Registrado em português desde o início do século 16, vindo diretamente do latim cataclysmos, o termo, como os sinônimos citados acima, passou a nomear figuradamente grandes devastações em geral, qualquer que seja – fogo, vento, terremoto, guerra – sua causa. No entanto, na origem da palavra está kataklusmós, substantivo grego derivado de um verbo que quer dizer, precisamente, “encher de água, inundar, fazer desaparecer por inundação”.