Borboletas no dicionário
– Aldrava. Troqueu. Equinócio. – Quanta baboseira. – Você diz isso porque é um filisteu, um lapão. Talvez até um labrego. – É a mãe, viu. – Vai me dizer que não consegue mesmo captar a alma de uma palavra-borboleta como, sei lá, azinhavre? Ou enxárcia, brandal? – Deus me livre. Continua após a publicidade […]

– Aldrava. Troqueu. Equinócio.
– Quanta baboseira.
– Você diz isso porque é um filisteu, um lapão. Talvez até um labrego.
– É a mãe, viu.
– Vai me dizer que não consegue mesmo captar a alma de uma palavra-borboleta como, sei lá, azinhavre? Ou enxárcia, brandal?
– Deus me livre.
– Albornoz?
– Pra mim é grego. E posso apostar que pra você também.
– Seu sandeuzinho, eu tenho dicionário! Meus lepidópteros moram aqui dentro, cada um na sua casinha. E cada casa tem uma tabuleta na frente.
– Não preciso de dicionário. Não dou passo maior que as pernas. Não uso palavra que não conheço.
– Pois não sabe o que está perdendo. Sabe o que significa cianirrostro?
– Hmm… Distúrbio digestivo?
– Não. “Que tem bico azul.”
– Puxa, é mesmo? Agora vai! Conheço um monte de gente de bico azul e nunca soube como chamar esse pessoal.
– Seu palúrdio!
– E uma palavra para “que tem olho roxo”, existe?
– Ainda por cima troglodita.
– Epa, isso eu sei o que é!
– Ogro.
– Agora a gente está falando a mesma língua!